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Treinamos muito pouco

Por admin

Alberto Nhancale, treinador nacional de ténis, considera que os jogadores moçambicanos estão a treinar-se muito pouco, daí perderem sempre quando chamados a competir com adversários 

estrangeiros.

Depois de falhar medalhas nos Jogos do SCASA,  tenistas nacionais participaram recentemente no Open da Matola e voltaram a falhar. Afinal o que se passa?

Nos Jogos do SCASA falhamos medalhas, mas no Open da Matola posso dizer que estou satisfeito com o desempenho e esforço dos atletas no campo. Viu-se que se prepararam para o torneio por isso foram finalistas nas categorias de singulares e pares homens. Nos anos passados não tínhamos presença na final, por isso, como treinador, sinto-me satisfeito.

Mas nos jogos das finais notou-se um desnível alto com os adversários do Botswana e Zimbabwe. Está satisfeito mesmo assim?

A minha satisfação não é total porque reconheço que devemos formar mais e diferentes atletas. Quando falamos de seniores Moçambique depende dos tenistas que disputaram o Open da Matola e são poucos. A federação está a trabalhar para que o número de atletas continue a crescer. O surgimento de tenistas como Josefa Simão e Ercílio Seda é fruto desse trabalho.

Em femininos continuaremos a depender de Laura Nhavene, já retirada da competição regular?

Temos défice de atletas em femininos, precisamos trabalhar mais com a federação e outros parceiros. Não é fácil atingirmos resultados positivos a nível internacional sem que Moçambique, como país, tenha um treinador de ténis a tempo inteiro. Não temos um programa devidamente desenhado a ser seguido por uma equipa técnica. Aqui vais treinar durante trinta dias e voltas para casa sem nada. Trabalhamos por amor a camisola. O nível de satisfação é baixo. Então os atletas acabam se treinando muito pouco do que deviam.

 

IMPORTANTE TREINAR MAIS

 

Nossos tenistas jogam sem treinar?

Na minha óptica, um atleta de alta competição deve treinar um mínimo de três horas por dia, que permitissem atingir pelo menos 15 horas semanais para poder render como todos desejamos. Hoje, se o nosso atleta joga durante três horas, não responde devidamente às exigências do jogo.

O que está a faltar?

Falta-nos um programa sério a ser orientado por treinadores motivados. Os técnicos deveriam definir horários de treino e dizer aos atletas que as metas são essas e devem ser alcançadas em determinado período. Não podemos continuar a treinar só nas vésperas de grandes competições. Um atleta deve ter agenda desportiva, o que nem sempre acontece; muitas vezes trabalhamos com os atletas nas vésperas dum torneio que, quando termina, tudo pára.

Mas os tenistas estão sempre a treinar.

Depois dos torneios, os jogadores continuam a ir ao campo bater bola, mais para recrear-se do que para competir. Não é a mesma coisa porque fazem isso sem qualquer orientação técnica. É preciso incentivos aos treinadores e felizmente a federação já entendeu isso e está a buscar apoios para garantir orientação técnica permanente a certos atletas. Enquanto isso não acontece os atletas treinam sozinhos, limitando-se a fazer o que sabem. O desporto está em permanente desenvolvimento e é preciso puxar pelos atletas. São os treinadores que transmitem aos atletas a forma de ser e estar no desporto, o respeito pelo adversário.

Como avalia o estágio do ténis fora de Maputo?

Nos últimos anos não me desloquei a qualquer província para observar atletas, mesmo exercendo as funções de treinador nacional. A federação tem limitações financeiras para fazer deslocar um treinador às províncias, mas há esforços para passarmos a trabalhar dessa maneira. Consola-me saber que o material para a formação de atletas é entregue a tempo e horas, mas falta deixar lá gente capacitada para trabalhar. Neste pormenor dou nota muito positiva à federação, mas a dinâmica deve melhorar ainda mais para trazermos atletas doutras províncias para as grandes competições.

 

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