Encontramo-nos com Akil Marcelino no Pavilhão dos Desportos da Beira, na inauguração da sede da Associação Provincial de Atletismo de Sofala. Convidamo-lo para uma conversa sobre o futuro da sua carreira de treinador de futebol, em que já atingiu o nível A da CAF, e sobre o futebol moçambicano, em geral. Aceitou.
Antes recordar que Akil Marcelino já treinou as equipas do Benfica de Macuti, Ferroviário da Beira, Desportivo de Maputo e teve uma passagem pelo Vilankulos FC. O seu último clube foi Desportivo de Nacala, donde se retirou voluntariamente. Agora está na situação de desempregado, embora isso não lhe preocupe.
Senhor treinador Akil Marcelino quais são as perspectivas na sua carreira no futebol?
O meu futuro a Deus está entregue. Fiquei um ano a estagiar em Portugal. Aqui no país fui recebí alguns convites mas que não foram do meu agrado.
Porquê não foram convites do seu agrado?
Foram de clubes pequenos, sem estrutura forte. Fico à espera de convites de clubes grandes. Estou farto de ser treinador e ter que fazer papéis dos dirigentes, esses que têm défice de conhecimento desportivo.
Dizem que tem exigido salário muito alto. É verdade?
Eu não sou treinador barato. Sei o que valho. Não posso entregar-me por valores baixos. Se for para treinar só por treinar, prefiro ficar em casa.
O que lhe falta como treinador?
Anseio ganhar títulos para começar a merecer respeito dos dirigentes. Ninguém nasce com troféus na mão. É preciso oportunidade, dedicação e esforço.
Nunca lhe foi dada oportunidade para ganhar títulos?
Eu penso que não, porque aqui no país as oportunidades são dadas aos estrangeiros. Nós os treinadores nacionais somos discriminados. No país, existem bons treinadores, mas não lhes dão oportunidades.
Já agora, acha que temos treinadores capazes de orientar melhor os Mambas?
Não havia necessidade de se contratar um estrangeiro para treinar os Mambas. Temos treinadores muito capazes de orientar os Mambas, casos de Chiquinho Conde, Arnaldo Salvado, Artur Semedo…
Para si o que estará por detrás da preferência aos treinadores estrangeiros?
Os nossos dirigentes gostam de pagar pouco aos treinadores nacionais, mas pagam balúrdios aos estrangeiros.
Quem sabe mais, recebe mais. Não concorda?
Que vale ter treinadores estrangeiros para manutenção das equipas no Moçambola? Ou que ganhos têm os clubes em ter estrangeiros que não sabem como ganhar campeonatos, mesmo com condições para isso? Olha, o salário de um estrangeiro em Moçambique deve ser dez vezes mais que do Caló, treinador moçambicano, campeão nacional de 2015 pelo Ferroviário de Maputo.