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“Sucesso” em Brazzaville? queremos mais medalhas!

Por admin

O ministro da Juventude e Desporto, Alberto Nkutumula, questiona o “sucesso” outorgado pela Missão Moçambique à prestação dos atletas nos XI Jogos Africanos Brazzaville 2015 recentemente terminados. O governante entende que o país podia e devia ter ganho mais medalhas pelo investimento realizado.

Moçambique conquistou em Brazzaville seis medalhas, sendo uma de ouro, três de prata e duas de bronze através das modalidades de atletismo adaptado, vólei de praia, boxe e judo.

De mãos vazias regressaram ao país atletas de ciclismo, ténis, basquetebol, atletismo convencional, taekwondo, voleibol de sala, natação e ginástica, sendo que 150 atletas integraram a delegação.

Um pecúlio que contenta o Chefe da Missão Moçambique, Arsénio Sarmento, sobretudo porque em Brazzaville, diferentemente de Maputo 2011, o hino nacional ecoou mais alto e a bandeira de cinco cores foi hasteada no mastro central, por força da medalha de ouro conquistada por Edmilsa Governo no atletismo adaptado.

No entender de Sarmento, contribuiu para o “sucesso” a coesão e o grande espírito de equipa que se criou na delegação e as condições de treinamento oferecidas aos atletas.

INTERROGAÇÕES DO MINISTRO

O ministro Alberto Nkutumula recebeu a delegação moçambicana nos Jogos de Brazzaville e reconheceu o esforço empreendido pelos atletas e dirigentes, os quais, conforme sustentou, deram o seu máximo.

Tal como referiu, o mais importante é que Moçambique participou nos Jogos Africanos e os símbolos nacionais destacaram-se.

No entanto, Nkutumula não deixou de ecoar as vozes que qualificam de negativa a prestação de Moçambique no evento continental, frisando que são opiniões por considerar.

– Ganhamos medalhas sim, mas vamos ignorar aqueles que dizem que isso não basta? Portanto, para nós não basta, nós queríamos ganhar mais medalhas, mas para isso é preciso olharmos para as circunstâncias concretas em que a competição teve lugar. Quem foi competir? Foram os melhores de Moçambique?

Rebateu a justificação de alguns atletas de que o tempo de preparação foi insuficiente. Para o ministro, essa justificação não convence.

– Ouvi por parte de alguns atletas que não tiveram tempo de preparação suficiente? Por que não tiveram tempo de preparação suficiente? De 2011 a 2015 não é tempo suficiente para a preparação? Temos que começar a questionar esse tipo de coisas porque justificações sempre hão de haver mas tem de ser justificações que de facto nos convençam. Para mim não faz muito sentido que alguém me diga quatro anos depois que não teve tempo suficiente para preparar um evento.

Referiu que é necessário discutir-se a formação e o quadro de competições internas. “Se nós não tivermos campeonato nacional como é que competimos a nível internacional? Como chegamos a conclusão de que os atletas que foram a Brazzaville são os melhores de Moçambique se não houve um campeonato numa certa modalidade? Há questões que tem de ser analisadas, mas não nos gabinetes do ministério, cá fora, com os desportistas. Esse debate deve ser continuo”.

Estivemos bem ou não?, questionou Nkutumula, observando que Moçambique levou para Brazzaville a sua maior delegação de sempre num evento desportivo, que custou aos cofres do Estado cerca de 40 milhões de meticais.

– Com esse valor podemos reabilitar o Parque dos Continuadores, mas preferimos investir em vocês porque não queremos ser uma ilha em África. Não podemos ignorar as críticas que são feitas ao nosso desporto. Há pessoas que entendem que devemos fazer mudanças no nosso sistema desportivo.

O governante sublinhou que “temos que nos esforçar mais para que as pessoas parem de nos olhar com desconfiança”.

FORMAR MAIS PARA COLHER NO FUTURO

Alberto Nkutumula transmitiu aos atletas uma mensagem de mudança de paradigma no futuro, ao dizer que o Governo pretende olhar com mais acuidade ao desporto escolar do que sucede actualmente.

A ideia do Governo é tirar maior proveito dos talentos que despontam em várias iniciativas, a exemplo dos festivais nacionais dos Jogos Desportivos Escolares.

Essa abordagem implicará, por tabela, o sacrifício de algumas realizações na alta competição porque “a manta é curta” e não pode cobrir a todos.

– Queremos investir naqueles que no futuro vos vão substituir. Não sei se daqui a quatro anos voltaremos a ter uma delegação grande como esta. Queremos garantir que a semente que vamos lançar dê frutos no futuro. Temos que semear e ter paciência.

Prometeu um debate sério e aberto, que deverá culminar com “decisões duras”. Nalgumas modalidades, por exemplo, deve-se debater os critérios de selecção de atletas para eventos internacionais.

“Estou mais inclinado a investir no desporto escolar e na formação”, disse, questionando a seguir a proveniência dos atletas que evoluem nos escalões seniores se os clubes não fazem formação devidamente.

Referiu que no Moçambola, por exemplo, há pressão para os clubes terem bons resultados. “Mas donde vem os jogadores se o mesmo clube não tem iniciados e juvenis? Se tivermos um mau juvenil, um mau júnior, teremos um mau sénior. Estou curioso em saber donde vem os jogadores dos seniores”.

Renovou ainda o compromisso do Governo focalizar suas acções nos atletas, os quais, devem ter condições para poder alcançar bons resultados.

Exortou aos clubes e outros agentes para que participem na empreitada, dado que não falta apenas o investimento financeiro, mas também uma maior atenção aos atletas.

– Onde está o marketing para que os nossos recintos desportivos estejam cheios? O desporto também é negócio e deve gerar receitas para os clubes.

 

 

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