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Quero dignificar o país

Por admin

A Federação Moçambicana de Boxe (FMBoxe) tem agendado para a noite de 28 de Abril, no Big Brather, em Maputo, uma sessão internacional de boxe com a participação de pugilistas de Moçambique, África do Sul e Suazilândia, na qual Paulo Jorge vai defrontar um pugilista suazi na categoria de mais de Noventa quilos (+90 kg), Leonencio Inácio terá pela frente um sul-africano. Em femininos Moçambique defrontará Suazilândia.

Paulo Jorge, o mais velho e rodado pugilista moçambicano ainda em exercício, diz estar disposto para qualquer tipo de competição, diante de quem seja o adversário, nacional ou estrangeiro, desde que as entidades que gerem a modalidade no país percebam que um bom atleta precisa de dinheiro para a sua preparação e de prémio.

 Apela igualmente para que não se agende torneios sem que primeiro se comuniquem os intervenientes ou sem que se tenha na mente que são necessários muitos dias ou meses para uma preparação de vitória. Não gostaria, daqui em diante, aparecer no ringue sem uma preparação rigorosa de pelo menos um mês.

“Ainda não fui avisado para participar em nenhum torneio internacional. Espero que o aviso que me chegue três semanas ou um mês antes da data para me preparar de forma a dignificar bem o meu país. Uma coisa é eu ir ao ringue para me representar, outra é subir ao ringue para representar acima de 25 milhões de moçambicanos,” disse Paulo Jorge quando questionado como se sentia em saber que no dia 28 de Abril, em Maputo, no Big Brather, vai defrontar um adversário de Suazilândia que se diz persistente e muito forte, em mais uma sessão de boxe à sexta.

Há promessa de premiação em dinheiro? Para puder fazer algo melhor para o meu país preciso ter a promessa de que depois vou receber dinheiro. Mas antes gostaria de saber se já estão reunidas condições para uma boa preparação, pois pela experiência que carrego, um bom atleta é aquele que se submete a uma rigorosa preparação”, referiu Paulo Jorge.

Eu já bati um russo vice-campeão do mundo, no pavilhão do Estrela Vermelha de Maputo, da vez que não me consideraram vencedor por ser criança. Tinha na altura dezoito anos e participava no torneio internacional 25 de Setembro.”, disse, tendo acrescentado que naquele tempo não faltavam apoios para incentivo dos atletas.

Hoje faltam apoios aos atletas e aos que com a sua sabedoria criam academias para trazer ao ringue mais e melhores pugilistas. Quando nas nossas academias (eu sou dono de uma no Chamanculo) não chegam apoios, os nossos instruendos se marimbam da aprendizagem do boxe. E quem perde é o país, que fica privado de bons talentos.”

Perguntamo-lo se ainda tinha estofo para praticar boxe. Respondeu de pronto: “ sinto-me jovem. Conheço todos os segredos do boxe, sobretudo a sua preparação física, coisa que aprendi em dez anos com cubanos.”

Paulo Jorge não “bebeu” somente o boxe cubano. Também aprendeu a boxear na Rússia.

Fui a Rússia estagiar durante quarenta e cinco dias. Aqui no país trabalhei um ano com americanos. Logo, tenho experiência mais do que suficiente para ter bom desempenho. Nasci para o boxe. Agora tenho medo daqueles que “lutam” para me verem fora do boxe, mas, graças a Deus, estou firme. Olha, eu sou bate-chapa profissional, serralheiro completo, pintor de carros, mas sinto-me bem a fazer boxe, mesmo agora que não ganho nada e ninguém me apoia.”

Sobre se tem alguma esperança em ver o boxe nacional a evoluir com Gabriel Jr. no cargo de presidente da Federação Moçambicana de Boxe, Paulo Jorge não hesitou em afirmar o que pensa dele.

Ele, Gabriel Jr., está disposto a ajudar. Noto isso nos seus discursos. O meu receio recai no seu elenco composto noventa por cento (90%) por indivíduos que se consideram mais conhecedores de boxe do que eu. Eu, Paulo Jorge, que no ringue fui sempre melhor que eles! São esses mesmos indivíduos que andam a procura de adversários para me darem “porrada” e, pela sua satisfação, me verem afastado do boxe. Mas eu vou continuar. Deus está sempre comigo e me dá força de continuar a combater e a ensinar os mais novos este nobre desporto.

 A falar de boxe, Paulo Jorge não se cansa. Fica-lhe sempre algo por dizer.

O que eu quero é incentivar os jovens a caminharem para o profissionalismo. Sacrifico-me por eles. Eu já passei do profissionalismo na África do Sul.

Íamos dizendo “até à próxima” quando o nosso entrevistado pediu-nos mais um minutinho de conversa para dizer que “ aquele puto, Leonencio Inácio, conhecido por Mata Boi, que deu Ko a Custódio, dia 17 de Março, vai longe. Por lhe reconhecer qualidade convidei-lhe para a minha academia para aprender boxe. E está aí a fazer-se campeão.”

Mesmo a acabar a conversa, acrescentou: “gostava de dizer aos organizadores do torneio internacional que não tenho medo de enfrentar o tal suazi, mas, por favor, dê-me tempo e condições para uma boa preparação. Esse torneio ficaria bem se fosse agendado para  25 de Junho, dia da independência nacional”

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