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Quando estrangeiros param o futebol

Por admin

Os clubes do nosso principal campeonato de futebol acordaram desertar dos campos em resposta à intervenção da Inspecção Geral do Trabalho, braço do Estado moçambicano responsável pelo cumprimento da Lei do Trabalho.

Fundamentam que não podem jogar mais no campeonato nacional se a Inspecção do Trabalho continuar a exigir o cumprimento da lei, ou seja, que não se equipam enquanto dois treinadores portugueses e 48 atletas de diferentes nacionalidades não receberam autorização para jogar, mesmo que em condição laboral ilegal.

A actividade da Inspecção Geral do Trabalho é rotineira e abrange os vários sectores sociais, tendo nos últimos meses se dedicado com maior atenção ao desporto, no caso particular ao futebol.

Esta acção do Ministério do Trabalho até acontece um pouco atrasada, considerando que o campeonato moçambicano movimenta elevados fundos financeiros, alguns públicos, reforçando-se por aí a necessidade do jogo acontecer dentro das regras.

Moçambique é um Estado e nessa qualidade rege-se por leis, e são essas mesmas leis que garantem, em última instância, a realização do bem comum. Ignorar as leis moçambicanas para proteger 14 clubes participantes no “Moçambola” não é sustentável para o desenvolvimento do próprio futebol.

Não pode nem deve constituir surpresa para os clubes desportivos a necessidade de cumprimento das suas obrigações. A contratação de mão-de-obra estrangeira é regulada por lei e não deve ser substituída com a habitual desculpa de que “nos vamos queixar na FIFA”.

Se queremos um “Moçambola” íntegro, respeitável dentro e fora do país, o cumprimento da Lei do Trabalho pelos clubes deve ser irreversível.

O contrário é batota e não vale a pena adiar a solução deste problema, sob o risco de amanhã os mesmos clubes aprovarem, em nome de pretensas regras da FIFA, em Assembleia Geral, a autorização de utilização de 18 jogadores estrangeiros por cada equipa em partidas do campeonato.

Queremos futebol, sim, mas com estrangeiros legais e registados pelo Ministério do Trabalho. Um futebol sem regras, no qual uma dúzia de clubes se agrupa para gritar o não cumprimento da lei, não vai desenvolver Moçambique.

Aceitar este remate torto dos clubes seria o escancarar duma baliza para passar a ser o portão preferencial de cidadãos estrangeiros em Moçambique para objectivos inconfessáveis.

Aceitar este remate torto dos clubes pode precipitar um novo negócio: a contratação e entrada ilegal de emigrantes estrangeiros em nome do futebol.  

Ainda bem que os clubes recuperaram os sentidos e decidiram apresentar-se em campo, com promessas de ultrapassar as anomalias detectadas, porque, repetimos, a Lei do Trabalho não deve ser coarctada para defender interesses de 50 estrangeiros ilegais detectados pela Inspecção Geral do Trabalho. 

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