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Quando a bola embate no poste…

Por admin

No culminar do jogo Costa do Sol – Liga Muçulmana os ânimos dos adeptos exaltaram-se só porque um remate de Reginaldo acertou no poste da baliza do guarda-redes Gervásio. Afinal que culpa

 tem o poste se foi o Reginaldo que mandou lá a bola? Que culpa tem o árbitro Aureliano Mabote se o guarda-redes Gervásio movimentou-se antes do remate e terá influenciado a trajectória do esférico? Que culpa tem o Aureliano Mabote se os jogadores, treinadores, adeptos e jornalistas não viram Gervásio a movimentar-se? Também vale perguntar que culpa tem o árbitro Ainad Ussene ao apitar um penalte que só ele viu no jogo Desportivo de Nacala – Matchedje? Que culpa tem Ainad Ussene quando compensa 12 minutos sem se justificar? Se ninguém é culpado por que os treinadores cantam que há bandidos; ganha-se os jogos subornando árbitros; o Maxaquene está a ser levado ao colo; era preferível nos marcarem falta de comparência; o árbitro inclinou o jogo, ou que os nossos dirigentes não prepararam bem o jogo contra o TP Mazembe?  

 

Diamantino Miranda

quer todos calados?

 

O treinador Diamantino Miranda, do Costa do Sol, parece já identificado com os ingredientes necessários para ganharem-se jogos, campeonatos e taças nestes últimos anos em Moçambique.

Também, de uns tempos para cá, a máscara caiu e as próprias nomeações das equipas de arbitragem viraram um verdadeiro dumba-nengue. Mesmo de óculos africanos, o Diamantino já percebeu a orquestra.

Dizem mesmo, os informantes, que o contrato de trabalho é celebrado entre nomeadores e nomeados. Combinam-se as devidas percentagens e essa é a condição para, daqui a umas semanas, voltar a ser nomeado. A nomeação pode ser definida numa barraca, loja ou sede dum clube.

Pode acontecer que – e acontece mesmo – se o patrão não goste o suficiente do serviço, decida ele mesmo suspender-te para o moçambicano ver. 

Porque a máscara caiu mesmo, os apaixonados pela bola vão fazendo justiça por próprias mãos pelo país fora, com jogos interrompidos, pedradas, expulsões, interdição de campos e coisas que tais.

Neste filme, a Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF), subordinada da federação, aposta num mutismo cada vez mais ensurdecedor.

Deve ser isso que nos sugere o Diamantino, nesta imagem: ficarmos calados. Mas até quando?

 

 

Uma fábrica de resultados

 

Os adeptos e simpatizantes do Costa do Sol insistem em viver na desinformação, e quarta-feira comportaram-se como distraídos e descarregaram a revolta resultante da arbitragem de Aureliano Mabote arrancando algumas cadeiras plásticas das bancadas.

 

O fizeram na crença de que serão ouvidos pela direcção da federação que manda na Comissão Nacional de Árbitros ou, no mínimo, causar danos na tesouraria do clube adversário.

Mas a percentagem de apostas públicas indica uma clamorosa vitória daqueles que acreditam que nada vai acontecer porque nos últimos anos nada aconteceu, mesmo com espectáculos que justificassem um gesto de vida da nossa federação.

Estes apostadores contam mesmo que, hoje por hoje, nos jogos de infantis, iniciados, juvenis e juniores, a falsificação de idades já está a deixar de ser o maior investimento dos técnicos e delegados: agora todo investimento é nos árbitros, porque não há outra falsificação que lhes supere.

As próprias estatísticas da CNAF apontam para um crescimento exponencial de jovens interessados em seguir arbitragem de futebol em Moçambique, porque, jura-se por aí, este tipo de empreendimentos supera até os mais destacados nos famosos sete milhões distribuídos pelos governos distritais.

Enquanto lá se exigem reembolsos, aqui a retribuição ao financiamento pode ser apenas um sopro ou o levantar da bandeirola.

E o lucro está garantido, ademais, “não há lei e se não há lei não há crime”!

 

 

 

 

Abdul Omar aclamado!

 

Abdul Omar notabilizou-se como “feiticeiro do Moçambola”, alcançando resultados anormais nos clubes que orientou, surpreendendo o país futebolístico com uma qualidade de alto nível para um provinciano sem o curso da Uefapro.

 

Natural de Inhambane, talvez pela vizinhança com Gaza, o dia que se cansou escolheu os socos para fazer justiça, ou recuperar parte dela, pior, depois do assistente internacional Francisco Machel perguntar-lhe “tens alguma coisa para nós?”, isto na véspera do jogo Vilankulo FC – Estrela Vermelha.

Abdul Omar não tinha nada nos bolsos, senão os murros que lhe serviram no decorrer do jogo. Acreditou, durante muito tempo, que era possível ganhar jogos sem forçar erros dos árbitros.

Os jogadores do Costa do Sol viram o filme de Vilankulo e quase o repetiram na quarta-feira, quando os assistentes de Aureliano Mabote cegavam perante sucessivos fora-de-jogo, do tipo Liga Muçulmana – Lobi Stars.

Com aquela voz singular, João Raul, decano dirigente “canarinho”, foi a tempo de chamar os jogadores à razão, lembrando-lhes que o regime amante da fraude um dia vai cair.

Enquanto isso, nota-se a cada fim-de-semana pelo país fora que há mesmo muita gente já com saudades de Abdul Omar.

Grita-se por todo lado: “chamem Abdul Omar”!

 

 

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