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Prefiro construção de pistas que participações internacionais

Por admin

“Estou a presidir a Federação Moçambicana de Atletismo há um mês e vinte dias. Já fiz muita coisa, senhor, não brinque comigo!”, assim reagiu Shafee Sidat quando perguntado o que lhe estava

 a barrar para ainda não ter feito nada visível desde que assumiu a presidência do atletismo nacional.

 

Era o começo desta entrevista, na qual sublinha “prefiro não ir às grandes competições internacionais para construir infra-estruturas que garantam futuro melhor à modalidade”.

Quer dizer que já fez muita coisa?!…

Já fiz muito em pouco tempo. Começamos por reorganizar as associações. E não só, no âmbito das nossas promessas eleitorais, já fomos a três províncias – Nampula, Niassa e Cabo Delgado – entregar projectos das futuras sedes das associações, que deverão ser submetidos aos respectivos conselhos municipais das capitais provinciais. Já havíamos constatado que nenhuma província tinha local de trabalho. Ao mesmo tempo aproveitamos visitar as infra-estruturas existentes. Infelizmente, neste nosso país constroem-se campos de futebol, pavilhões gimnodesportivos, universidades, estas que constroem infra-estruturas desportivas mas nunca incluem pistas de atletismo, sendo assim, o nosso grande lema é ter infra-estruturas desportivas nem que abdiquemos das provas internacionais. O dinheiro que existir será melhor empregue na construção de infra-estruturas do que na participação em competições internacionais.

As estruturas superiores do desporto nacional alinham nesse diapasão?

É verdade que o país tem compromissos, como os Jogos Olímpicos, com muitos jogos de corredores, mas, para mim, nós temos que repensar na modalidade, sobretudo na vertente de formação. Temos que gastar dinheiro na formação, tal como gastamos na alta competição.

 

NÃO TEMOS ATLETA

PARA JOGOS OLÍMPICOS

 

 

Diga uma coisa, o atleta que hoje temos na pista não nos pode representar condignamente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016?

Temos um atleta com medalha de bronze africano, mas sua performance ainda não é suficiente, porque ele e outros estão muito longe das marcas que são exigidas ao nível mundial. Para lhe ser honesto e sincero, neste momento nós iríamos passear em grandes provas mundiais.

Não é possível até 2016 descobrir talento para os jogos Olímpicos do Rio?

Isso passa por criação de infra-estruturas, ginásios para a preparação adequada desse talento. Se queremos encontrar atleta como Lurdes Mutola, que foi uma bênção de Deus para este país, temos que esperar por mais tempo trabalhando seriamente na formação.

Quando diz que vai dar prioridade a construção de infra-estruturas, tem ideia concreta dos locais onde devem ser construídas pistas de atletismo?

Já tive encontros com o Fundo de Promoção Desportiva e com o próprio ministro da Juventude e Desportos, Fernando Sumbana Jr., uma pessoa muito preocupada com todas as modalidades, a quem propus a construção de uma pista por cada província.

Qual foi a resposta do ministro?

Disse que uma das preocupações do Governo é de infra-estruturas em todo o país.

Ficou por aí? Não disse quando iniciam essas construções que preocupam o Governo?

É natural que o ministro não podia prometer-nos nada naquela altura. Mas ficou com a nossa preocupação.

E a propósito, a cidade de Maputo está contemplada no seu projecto de uma província, uma sede condigna?

A Cidade de Maputo está contemplada no plano estratégico do Parque dos Continuadores. Nós criamos uma comissão para discutir sobre esse plano. Fazem parte dessa comissão antigos atletas e gente abalizada sobre o assunto. A comissão fez melhoramento do projecto, que foi aceite pela equipa de arquitectos do MJD. A discussão está na fase final. seguir-se-á o trabalho prático de melhoramento e rentabilização do Parque dos Continuadores.

Os prédios e bombas de gasolina ainda fazem parte desse projecto?

O que lhe posso adiantar, e com muita certeza, é de que oitenta por cento (80%) do espaço do Parque dos Continuadores será para o atletismo. Essa foi a preocupação do Governo e nós aplaudimos.

Está satisfeito em saber que o atletismo não vai desaparecer do Parque dos Continuadores como queriam certos açambarcadores dos espaços desportos da capital do país?

Estou muito satisfeito porque aquele é um lugar emblemático, um legado que nos deixou o Presidente Samora Machel para prática de atletismo.

Aquando da sua candidatura tinha visão de um atletismo mais envolvente. Até quando?

Estamos a fazer isso. Pelo menos já fizemos os campeonatos regionais envolvendo todas as províncias, com muito sucesso. Agora vamos realizar a Légua Petromoc nas cidades de Tete, Lichinga e Maputo. Brevemente seguem para Portugal dois juízes, um da Zambézia e outro de Cabo Delgado. O nosso projecto inclui as direcções provinciais da Juventude e Desportos e professores de Educação Física, aos quais nas províncias visitadas entregamos material. A prioridade desta federação é a formação.

 

ATLETISMO NOS DISTRITOS

 

Também prometia levar o atletismo para as zonas recônditas. Ficou na campanha eleitoral ou os que lá vivem podem esperar?

Convidamos as províncias para irem nos distritos buscar professores que possam participar no curso que esta federação conseguiu junto da Federação Internacional de Atletismo Amador (IAAF) a decorrer no país. Queremos que participem nesse curso professores de diversos distritos que queiram trabalhar neste projecto. Até ao final deste ano queremos formar mil e duzentos formadores, maioritariamente oriundos dos distritos.

Quenão sejam outra vez os mesmos distritos abrangidos!

Nós somos pela abrangência total. Já temos patrocinador das despesas de alojamento da primeira fase para cerca de cento e tal participantes e outras que vão perfazer mil e duzentos cursantes. O nosso elo de ligação são as associações provinciais, que para nós devem agir com honestidade.

Há muita falta de honestidade no nosso desporto! Sabia disso?

Concordo com o senhor jornalista que não há honestidade nas associações, onde dirigentes privilegiam seus amigos. Esta federação está atenta a tudo que faça mal ao atletismo nacional.

Há zonas propícias para a prática de atletismo que são excluídas do processo de desenvolvimento da modalidade por não terem padrinhos cá em cima.Tem alguma ideia para inverter a situação?

Como Morrumbala! Já estava à espera!

Até pode ser, como pode não ser!

Vou-lhe adiantar que em Junho vão sair daqui de Maputo técnicos para orientarem cursos de formação em todas as províncias. Farão levantamento que permita conhecer quais são as especificidades de cada distrito.

 

Manuel Meque

 

 

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