Na tarde de última sexta-feira do mês de Fevereiro o telefone tocou e, como sempre, atendi com um ruidoso Boa Tarde. Afinal era meu amigo Sansão Mabunda e já adivinhava um convite para a noite que espreitava.
Enganei-me. Doutro lado uma outra voz ruidosa anunciava: o ministro Alberto Nkutumula acaba de exarar vários despachos varrendo a casa, sabe porquê?
Respondi atónito que não sabia de nada, mas que era de todo natural um dirigente movimentar quadros numa instituição pública. Acrescentei que o ministério não está sujo, por isso não é adequado usar a expressão varrer a casa.
Meu amigo tratou logo de me desmentir argumentando que o ministro Alberto Nkutumula mudou dirigentes lá do Estádio do Zimpeto onde caiu o muro que matou Frederico dos Santos e feriu outros atletas dos Tubarões. Defendia meu amigo que o ministro tomou a decisão porque estão identificados os culpados da queda do muro.
Respondi que não era possível porque os resultados do inquérito aberto na sequência do infortúnio ainda não eram conhecidos. Sem saber de nada, insisti que uma coisa não podia ter a ver com a outra.
Eu e meu amigo ficamos de prosseguir com a conversa num outro momento.
De resto, fiquei mais tranquilo ao longo da semana quando recebi mais informação sobre os dirigentes movimentados no Ministério da Juventude e Desporto.
Apercebi-me que aqueles despachos não podiam ter relação qualquer com a queda do muro que matou o treinador Frederico dos Santos.
O que teria a ver com a queda do muro da piscina do Zimpeto o Assessor de Desporto (Inácio Bernardo), Assessor de Imprensa (Alexandre Zandamela), Director-geral do Instituto Nacional do Desporto (António Munguambe), Directora Nacional do Desporto (Amélia Cabral), Director do Estádio Nacional do Zimpeto (Tomé António Enes ), Director Adjunto do Estádio Nacional do Zimpeto (José Pereira)?
Claro que não tem nada a ver e não sei por que gente boa como meu amigo relaciona os dois acontecimentos.
Eu não falei com o ministro Nkutumula mas ouvi dizer que era preciso refrescar o ministério e imprimir uma nova dinâmica nos sectores de desporto e juventude.
Ouvi também dizer que os quadros exonerados são competentes e ainda tem muito a dar ao país e continuarão a servir a sociedade exercendo outras funções.
Já me estava a esquecer! Ouvi também dizer que os cargos públicos não são eternos e as pessoas quando confiadas missões no Estado devem preparar-se a partir desse mesmo dia que numa data vão cessar funções.
Todas explicações passei ao meu amigo Mabunda, mas ele insisti em não separar a queda do muro do Zimpeto com os despachos do ministro Nkutumula.
Se calhar Mabunda tem razão. O ministro Alberto Nkutumula podia ter escolhido outro momento para anunciar a reestruturação do seu ministério.
Custódio Mugabe