Moçambique cumpriu a sua primeira participação num Campeonato do Mundo de Basquetebol averbando três derrotas, todavia, deixou na quadra indicações de talento e bravura das jogadoras seleccionadas.
Tal como prometera na véspera do início do campeonato o Seleccionador Nacional de Basquetebol sénior feminino, Nazir Salé, Moçambique apresentou um conjunto ambicioso e até enganador da competição doméstica, lembrando as imagens do hóquei em patins nos campeonatos do Mundo.
Se no jogo da estreia a vitória do Canadá (69-54) foi colocada em dúvida por longos momentos da partida, na segunda partida a França foi superior desde o apito inicial, vencendo no final dos 40 minutos por 89-45.
O espírito de guerra da turma moçambicana voltou a vincar-se no derradeiro desafio frente a anfitriã Turquia, no qual Moçambique saiu da quadra com motivos de festejar a diferença final de dez pontos (54-64).
No conjunto das jogadoras seleccionadas, a extremo/poste Leia “Tanucha” Dongue foi quem vingou nas estatísticas finais da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), confirmando que não foi por acaso que ganhou o prémio de Jogadora Mais Valiosa do campeonato angolano na última época.
Em Ankara, Leia Dongue viu seu desempenho no desafio frente ao Canadá ser reconhecido como Jogadora Mais Valiosa em campo, enquanto a experiente base Deolinda Ngulela, com mais tempo no campeonato, foi a principal armadora do jogo de Moçambique.
Nazir Salé utilizou todas doze jogadoras que seguiram para o “Mundial”, nomeadamente Leia Dongue, Deolinda Ngulela, Ana Flávia Azinheira, Odélia Mafanela, Deolinda Gimo, Anabela Cossa, Rute Muianga, Valerdina Manhonga, Ilda Chambe, Cátia Halar, Filomena Micato e Regina Mahoche.
TREINADOR SATISFEITO
Por tudo já referenciado, Nazir Salé tem ingredientes para fazer um balanço satisfatória da participação moçambicana no campeonato da Turquia. Aliás, o treinador diz mesmo que disputar o “Mundial” foi uma honra para toda delegação.
O treinador sublinhou a dinâmica demonstrada em todos jogos e o facto de Moçambique nunca ter desistido de qualquer desafio, atitude que, aliás, foi inclusive sublinhada pelas selecções adversárias.
– A nossa participação foi uma grande vitória, uma grande honra, sobretudo por termos ido até ao fim sem atirar a toalha ao chão. Há que dar os parabéns ao grupo, pela grande atitude, pela grande dinâmica demonstrada. Por aquilo que tentou fazer ao longo do campeonato.
O treinador fez lembrar a escassez de competição no país para justificar as diferenças de intensidade de jogos com as selecções adversárias.
– Disputamos um campeonato onde os índices e volumes competitivos são totalmente diferentes dos nossos, por isso, pedir muito a este grupo de trabalho seria o impossível. O que queremos é pensar no futuro, na perspectiva de encontrar mais apoios para aquilo que pode ser o basquetebol.
Ao fim dos três jogos, o treinador assume satisfação pelo comportamento exemplar da selecção moçambicana e não avança qualquer perspectiva relativa à renovação da equipa, sabido que algumas atletas estão a caminho dos 40 anos.
– A renovação depende daquilo que são as perspectivas da federação, do país, e acima de tudo daquilo que nós queremos da modalidade.
Já a jogadora Leia Dongue considera que Moçambique alcançou o seu principal objectivo, que passava por apresentar um bom basquetebol e disputar os desafios até o limite.
– Estamos de parabéns, conseguimos o nosso objectivo e julgo que tivemos uma muito boa prestação.
Indagada sobre o seu desempenho pessoal na competição, Leia Dongue considerou satisfatório, mesmo não tendo ganho nenhuma partida.
– Meu objectivo sempre foi disputar grandes campeonatos, este foi o caso. O futuro ver-se-á. Todos jogos foram equilibrados, mas a França foi extremamente agressiva. Demos o nosso máximo.
Custódio Mugabe
