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Morreu o ídolo da Zambézia!

Por admin

João Onofre, ex-jogador de futebol, faleceu a 6 de Setembro de 2013, aos 51 anos de idade, em Quelimane, sua terra natal, vítima de doença repentina. “Jhon” (assim também era chamado pelos colegas da bola) terá sido o mais emblemático jogador da província da Zambézia após a Independência Nacional, vestido de verde e branco do Palmeiras de Quelimane, actual Sporting, de vermelho e branco do Matchedje, e por vezes das cores da Bandeira Nacional, em juniores e seniores.

Deixou Quelimane em princípios da década de oitenta, para cumprir o Serviço Militar Obrigatório (SMO), pretexto utilizado para o seu ingresso no Matchedje, clube que só jogava para títulos.

“João Onofre teve o mérito de ter um nascimento bafejado por dois factores determinantes, primeiro, ter nascido numa família que, para lá da humildade, se veio a confirmar mais para o final da linhagem, que era talhada para a prática desportiva; segundo, ter nascido numa altura em que crianças e adolescentes se acotovelavam, não à entrada das discotecas, mas, sim, para entrar nos campos de jogos, quando não fosse ocupar o lugar de protagonista nas muitas peladas disputadas nos então muitos terrenos baldios nesta cidade”, lê-se na mensagem de elogio fúnebre do ex-jogador, irmão de um outro ex. – Jogador de futebol zambeziano, José Manuel Onofre, e das irmãs Onofre que se notabilizaram no basquetebol.

João Onofre não partilhava os tempos apenas com os estudos e o futebol, também o fazia com basquetebol, voando para os cestos. Ele cresceu no e para o desporto, o que é referenciado no elogio fúnebre assinado pelo jornalista Tavares Braz.

Era norma João Onofre alternar o campo de futebol do Palmeiras de Quelimane com o Pavilhão do Desportivo (Benfica), onde adquiriu a lendária elevação com que se exibia no futebol.

Era jovem de golos monumentais, produto de portentosos remates. Pela selecção nacional de futebol chegou de sagrar-se melhor marcador da Zona VI.

“O sol começou a cair a pino quando foi forçado a ir jogar no Matchedje do Maputo, resultado de uma forçada incorporação no serviço militar. Desmotivado, desenquadrado, não conseguiu agradar os treinadores. Em consequência, andou à deriva na capital do país até passar à disponibilidade, já sem mais interesse pelo futebol. Por isso, nos últimos anos da sua vida, andou arredio dos campos de futebol, dos pavilhões de basquetebol, sempre procurando manter distância de tudo e de todos, sobretudo quando lhe avivassem as alegres memórias dos seus tempos áureos.”

Para os quelimanenses, que o viram a nascer, a crescer e a morrer, fica a imagem de um “João Onofre garboso, peito levantado, aumentando a passada, deixando para trás cansados defesa, e disparando forte para o golo, quando não fosse sozinho buscar a bola lá nas alturas, com o peito, e antes de chegar ao chão fuzilar o desconsolado guarda-redes.”

João Onofre teve passagem pela Selecção Nacional sénior ao lado dos grandes jogadores da década de oitenta.

Sua irmã Páscoa Onofre, contou-nos que João regressara de Maputo para Quelimane com perturbações mentais e mantinha-se pessoa calma. Adoeceu, supondo-se sofrer de malária que no hospital não acusou. Quando parecia que estava a recuperar, morreu.  

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