Artes & Letras

Um homem do futebol

Sócio número 1 do Grupo Desportivo Maputo, Manuel Jorge Carvalho da Silva perdeu a vida dia 19 de Setembro corrente, deixando para trás um percurso de entrega, bravura e infinitas lições de gestão desportiva.

Foi no “seu” Desportivo que se notabilizou, primeiro, como praticante, e, depois, como dirigente, exercendo funções de presidente de direcção.

A prestação conseguida no clube “alvi-negro” não passou despercebida ao país futebolístico, tendo, por conseguinte, sido convidado a dirigir a Federação Moçambicana de Futebol (FMF).

De 1978 a 1989 foi presidente da FMF, tendo depois exercido as funções de presidente da Mesa da Assembleia Geral, período durante o qual foi nomeado membro honorário da FMF.

Durante o primeiro mandato de Feizal Sidat (2006-2011) em Assembleia Geral ordinária, Manuel Jorge é nomeado presidente honorário da FMF.

Como presidente da FMF, Manuel Jorge orientou um elenco que criou as actuais associações provinciais de futebol, para além de ter participado na estreia de Moçambique nas fases finais dos Campeonatos Africanos de Futebol (CAN), em 1986, no Cairo, Egipto.

Tal como referiu Michel Grispos, presidente do Desportivo, Manuel Jorge foi uma das maiores referências desportivas do nosso século, que marcou uma época e será sempre recordado pelas suas qualidades de liderança, e pela sua ambição de vitória.

– Manuel Jorge se distinguiu no quotidiano desportivo pelo seu dinamismo, pelo seu espírito de liderança, sendo um dos jovens mais promissores da sua geração, um destacado futebolista, um excelente dirigente, e um sócio visionário.

Ainda adolescente, ajudou o Desportivo a ganhar campeonatos. “O seu talento, a sua simplicidade, humildade e o seu espírito de liderança, embora com tenra idade não pareceu despercebido aos grandes clubes, e são marcas que a sua morte jamais apagará. O Mundo perdeu um dos seus melhores talentos”.

Figuras desportivas juntaram-se no pavilhão Lurdes Mutola para renderem a última homenagem ao malogrado, tendo exaltado suas qualidades e contribuição no desenvolvimento do desporto nacional, no geral, e do futebol, em particular.

Foi sempre uma referência

– Joel Libombo, antigo Ministro da Juventude e Desporto

Joel Libombo cruzou caminho com Manuel Jorge há longos anos, tendo juntos trabalhado lado a lado na edificação do desporto nacional. São dele as palavras que que se seguem:

– Foi sempre uma referência, quando nos iniciamos nos processos de liderança, Manuel Jorge esteve sempre connosco, desde a federação de basquetebol onde esteve, passando pela federação de futebol, na elaboração da Lei do Desporto, foi sempre o meu assessor, foi um dos embondeiros que me apoiaram, e apoiaram o Governo, as bases do desporto deste país foram escritas por eles, por isso rendo a minha homenagem, digo muito obrigado Manuel. Cabe a nós dar continuidade a esse processo.

Deixa-nos um legado de competência

– João de Sousa, jornalista

Considero Manuel Jorge como uma das figuras que criou as condições para que a nossa federação de futebol, mesmo antes dele ser presidente, se firmasse internacionalmente. Foi duro e pesado o trabalho que teve de ser desenvolvido, não tínhamos a Liga Moçambicana de Futebol, tínhamos um campeonato com uma dimensão completamente diferente da actual, por força dos problemas e vicissitudes que o país atravessou, defende o jornalista João de Sousa.

Tal como referiu o decano jornalista, “é importante perceber que um dos aspectos marcantes da sua actividade foi ter contribuído para a valorização duma federação, duma competição desportiva, dos diferentes clubes”.

– Não podemos esquecer que Manuel Jorge foi um exímio jogador do Desportivo, era o sócio número 1 do Grupo Desportivo Maputo, isso valoriza essa pessoa que partiu e nos deixa um legado de competência, de responsabilidade, de amor pela pátria, de amor pelo desporto.

Ajudou a construir a actual FMF

– Amir Gafur, vice-presidente da federação

Amir Gafur, vice-presidente da FMF, refere que a direcção da federação e todos funcionários lembram-se de Manuel Jorge como pessoa empenhada no crescimento do futebol.

Descreve o malogrado como “homem do futebol moçambicano, do qual foi grande jogador e dirigente até atingir o cargo de presidente de direcção da federação”.

– Pela sua competência na direcção, no seu clube, foi escolhido para dirigir o futebol a nível nacional. Homem que ajudou com todo o seu saber a construir o que é hoje a Federação Moçambicana de Futebol. Contribuiu e dirigiu a criação das actuais associações provinciais de futebol, com o seu saber contribuiu e dirigiu a formação das nossas selecções nacionais, o que culminou com a presença pela primeira vez da selecção de Moçambique no CAN do Egipto.

Fez um trabalho extraordinário

– José Júlio de Andrade

O antigo Secretário de Estado de Educação Física e Desporto, privou vários momentos com Manuel Jorge, no trabalho e na família. Lembra-se dele como um homem dedicado até à exaustão.

– Manuel Jorge, sem desprimor pelos outros presidentes da Federação Moçambicana de Futebol, foi o melhor presidente que Moçambique teve na federação. Nunca se lhe pode apontar um dedo. Fez um trabalho extraordinário, foi ele quem criou as associações provinciais que temos hoje.

“Foi um homem que sempre soube coordenar toda acção da federação com a estrutura do Governo, estava sempre em contacto connosco. Víamo-nos quase todos os dias. Pessoalmente me faz me falta. Temos que olhar para a figura dele como estando sempre presente”.

Deixa uma grande obra

– Calton Banze

Calton Banze conheceu Manuel Jorge no Desportivo. Lembra-se dum homem de poucas palavras e muito trabalho.

– Não nos preparamos para a partida dele, se não teríamos ido buscar muita história do Desportivo com ele. Não se pode fugir, seu legado está connosco, cabe-nos continuar a grande obra que ele fez, pela atitude dele sempre foi um grande dirigente, granjeou amizade por todo lado, foi sempre um senhor nas suas atribuições, como futebolista, dirigente do Desportivo e da federação. Sempre pautou por uma simplicidade e humildade que não se dava conta dele Deixa uma grande obra que vamos continuar para homenageá-lo.

Era comunicativo e disponível

– Almiro Conde

Almiro Conde observa que Manuel Jorge notabilizou-se pela simplicidade e visão do futuro nas suas acções, numa época difícil em que os recursos eram escassos.

– Manuel Jorge deu tudo de si ao desporto, não só pelo futebol, mas também pelo basquetebol. Numa época difícil, foi exemplo para todos os desportistas, Era de muita simplicidade. Precisamos de dirigentes comunicativos e disponíveis como ele, que tem uma visão do futuro que ele sempre teve e por causa disso houve muitas realizações e alguns êxitos nas nossas selecções nacionais. Teve sempre vontade e querer de servir os outros sem querer obter qualquer recompensa.

Continuemos com

a obra que nos deixou

– Fernando Sumbana Jr., Ministro da Juventude e Desporto

– Perdemos um grande homem, que entregou toda a sua vida para o desenvolvimento do seu país e do desporto moçambicano. Não poupava recursos próprios, e todo momento, noite e dia, procurava desenvolver o desporto nacional, com maior enfase para o futebol, defende o ministro da Juventude e Desporto, Fernando Sumbana Jr.

O governante refere que nos últimos tempos Moçambique está a registar a queda de embondeiros que ensinaram como desenvolver o desporto.

– Perdemos muito, As nossas lágrimas devem transformar-se em força para darmos continuidade ao trabalho que ele realizou. Temos uma grande responsabilidade, devemos olhar para o desporto como elo de ligação, independentemente das nossas diferenças, ele deu-nos esse grande exemplo através do trabalho que realizou.

Sumbana Jr. entende que a dedicação de Manuel Jorge ao desporto deve ser replicada por cada um dos moçambicanos para o país lograr resultados positivos.

– Vamos dar continuidade a sua obra, cada um de nós, se olharmos para o percurso dele, vamos sentir que temos capacidade de fazer pelo menos uma fatia, essas fatias todas vão glorificar o nosso país, vão fazer com que nós possamos levar o trabalho de Manuel Jorge até as últimas consequências. porque o que ele fez foi semear, e quer que nós continuemos a regar, continuemos a colher. Continuemos essa grande obra.

 

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