Na véspera da votação do novo presidente do Comité Olímpico de Moçambique (COM) já se conjecturava a vitória de Aníbal Manave sobre Joel Libombo, pelo que as eleições de quinta-feira passada serviram apenas para carimbar uma vitória há muito anunciada. É mesmo Aníbal Manave que sucede o seu padrinho Marcelino Macome no trono do COM depois dum claro 11-6 aplicado à lista da mudança.
Na semana de eleições já se sabia que apenas uma reviravolta de 360 graus podia permitir um resultado final diferente a Joel Libombo e sua equipa. Aníbal Manave e seus apoiantes até se deram ao luxo de ceder às pressões adversárias e admitirem direito a voto a federações que inicialmente não tinham esse privilégio.
Aliás, a admissão de novas federações como membros de legitimo direito do COM mereceu acesas discussões, com as federações apoiantes de Joel Libombo a queixarem-se de manobras para excluí-las do processo.
Na iminência de perderem esse direito estavam as modalidades de triatlo, ténis de mesa, ciclismo, karate e ginástica. De longe se sabia que natação, vela e canoagem estavam com Joel Libombo.
Doutro lado, algumas federações não escondiam que morriam de amores por Aníbal Manave. São os casos de atletismo, voleibol, basquetebol, ténis, boxe, badminton e andebol.
Carlos Prista, da Vela e Canoagem, pediu a palavra por várias vezes para exigir inclusão, argumentando que não faz sentido que modalidades olímpicas sejam tratadas de forma diferenciada quando fazem o mesmo esforço para desenvolver o desporto nacional.
Mais: contestou a atribuição de direito a voto às comissões do COM, nomeadamente à Comissão Jogos da Commonweatlh, Comissão da Mulher no Desporto, Comissão da Ética, e Academia Olímpica. Noutras eleições estas comissões votaram com o mesmo peso que as federações, como estipulam os estatutos daquele organismo.
A turma de Aníbal Manave teve mesmo que ceder, apresentando uma proposta que foi acolhida, nomeadamente a de exclusão da federação de ténis de Mesa, por não reunir todos os requisitos, e também das comissões de Ética, Mulher no Desporto e dos Jogos da Commonwealth, acusadas de “inactividade”.
Foi nesse quadro que se foi à votação, tendo direito de escolha da nova direcção do COM 17 membros, nomeadamente as federações de andebol, atletismo, basquetebol, badmintom, boxe, ciclismo, futebol, ginástica, judo, karate, taekwondo, ténis, vela e canoagem, voleibol, triatlo e natação e ainda a Academia Olímpica.
O processo foi dirigido por uma comissão eleitoral independente encabeçada por Domingos Langa, presidente da federação de xadrez, o qual, concedeu dez minutos para cada candidato apresentar suas promessas.
Aníbal Manave falou do seu sonho de qualificar treze atletas aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, de multiplicar as receitas do COM e de construção dum centro olímpico.
Joel Libombo sublinhou a necessidade de boa governação e mudança dos métodos de gestão do COM, bem como de trabalho árduo para uma participação digna nos Jogos Olímpicos.
Eram as últimas cartadas.
Votou-se e a lista A foi anunciada vencedora com um convincente 11-6. No final, os protagonistas abraçaram-se e deixaram indicações de fair-play.
Ganhamos a inclusão em 45 dias
– Joel Libombo
Joel Libombo está conformado no final do escrutínio e saudou o vencedor, prometendo apoiar em tudo o que for necessário. Observou que em 45 dias de trabalho, foi possível conseguir a inclusão de federações que se sentiam excluídas do COM.
– Penso que alteramos o cenário desportivo do país. Acordamos as instituições que de alguma forma estavam estagnadas. Com trabalho conseguimos inclusão, as consciências das pessoas jamais serão as mesmas. Haverá mais abertura.
O antigo ministro da Juventude e Desporto referiu que estão de parabéns todos aqueles que acreditam em eleições democráticas nas instituições desportivas. Foi bom para todos. A família do desporto provou que pode levar a cabo processos destes com êxito”.
– Estavam a colocar modalidades de fora. Esse facto originou a nossa candidatura e constitui motivo de reflexão. As oportunidades devem ser para todos. Vou continuar disponível para fazer parte da solução dos problemas do país.
Teremos uma nova abordagem
– Aníbal Manave
Aníbal Manave deu sinais de uma continuidade na mudança. Referiu que vai trabalhar para que nenhuma federação se sinta marginalizada pelo Comité Olímpico.
– Quero agradecer a todas as federações. Partilhamos ideias de como continuar a fazer crescer o Comité Olímpico. Estou preparado, não tenho medo do desafio e penso que com o apoio de todos vamos conseguir.
Referiu que uma das tarefas do COM será apoiar as federações para a sua regularização. Indicou que o desporto nacional tem problemas estruturais, que devem ser resolvidos para lograr resultados satisfatórios.
– Acredito que vamos ter um Comité Olímpico com uma nova abordagem, novas pessoas e ideias para realizarmos o que nos propusemos.