Perto de 400 crianças de diferentes bairros do Município da Matola estão a receber o bê-á-bá de basquetebol, numa iniciativa da Academia Matolinhas, que visa tornar aquela urbe num pólo de desenvolvimento da modalidade.
A Cidade da Matola está a testemunhar um movimento de formação de talentos de basquetebol, com a entrada em funcionamento, no mês passado de Maio, de cinco núcleos instalados em igual número de bairros.
Trata-se dos núcleos do Instituto de Formação de Professores da Matola (sede do projecto), Escola Primária Completa da Matola C, Escola Primária Completa do Bagamoio, Escola Primária Completa de Sikwama, Núcleodo Bairro Fomento e Núcleo do bairro da Liberdade.
Para o funcionamento dos núcleos, a Academia Matolinhas disponibilizou o equipamento inicial constituído por algumas camisolas, apitos e cinco bolas para cada centro.
Antes, foram capacitados 20 monitores para liderar o processo de formação, sendo a maioria professores de escolas primárias, no âmbito do entendimento estabelecido entre a Academia e o Governo Distrital da Matola.
A formação foi dirigida por Miguel Guambe, experiente técnico da modalidade actualmente a colaborar com a Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB).
O Director Técnico do Projecto, Jorge Langa, disse ao domingo que os monitores estão devidamente capacitados para orientar treinos de iniciação e também para a elaboração e monitoria de projectos de clubes-escola, clube-bairro ou clube-empresa, para que futuramente a Matola tenha uma competição própria de basquetebol juvenil.
“Nosso objectivo imediato é criar uma competição juvenil na Matola envolvendo equipas que vão sair dos núcleos criados. Há núcleos que trabalham com perto de 100 crianças, o que nos encoraja a redobrarmos os esforços”, explicou.
Referiu que não há riscos de abandono do projecto por parte dos monitores, uma vez haver um protocolo rubricado entre a Academia e a Direcção Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia no sentido de garantir o pagamento das horas extras dos professores-monitores, “cabendo à Academia assumir a responsabilidade dos técnicos oriundos da comunidade, cuja maioria são antigos atletas dos Matolinhas”.
A Abrasive Construções é o principal parceiro do projecto, e, para além de bolas e camisolas, tem garantido o melhoramento contínuo dos campos escolares e comunitários.
Jorge Langa disse que a selecção dos núcleos foi baseada no histórico dos bairros a nível de basquetebol combinado com a vontade demonstrada localmente, para além da disponibilidade dum campo com mínimas condições.
ALEGRIA À SOLTA
O nosso jornal escalou os núcleos das escolas do Bagamoio e Sikwama a fim de medir o pulsar do projecto, tendo observado a vontade das crianças em se tornarem futuramente nos melhores atletas do país.
Carlos Manuel é professor de Ciências Socias e dirige o projecto na escola de Sikwama. Antigo praticante de basquetebol, refere que os alunos estão animados, sobretudo quando chega a vez de tentar os cestos.
– Gostam mais de exercícios práticos com bola. Muitos alunos querem jogar, mas tive que fazer uma triagem e apostei em crianças com idades entre os oito e doze anos. Há muita quantidade e espero dela tirar a qualidade para competir com outros núcleos, conforme está desenhado o projecto. Também passamos a ter uma boa base para os Jogos Escolares.
Encontramos José Paulino a bater bola e está focado em ser um grande jogador de basquetebol. “Quero jogar com outrosadversários e ganhar. Estou a aprender as regras e a encestar. Quero crescer e jogar basquetebol”, disse o menino de 12 anos a frequentar a sexta classe.
Anifa Isabel tem dez anos e frequenta a quarta classe. Quando a bola lhe chega às mãos, só pensa em encestar. “Estou a aprender há uma semana. Já sei encestar, é fácil. Quero ganhar para ajudar minha mãe”.
Armando Jr. joga no núcleo de Bagamoio e já conhece as regras básicas de basquetebol. Confessa gostar mais de driblar. “Quero ser o melhor jogador”, alerta, para depois nos revelar que os pais querem-no a jogar basquetebol.
Custódio Mugabe
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