Ainda não enfrentou nenhum entrave no exercício das funções de presidente de direcção da FMA?
O meu único entrave é o problema das infra-estruturas e de dinheiro. O Governo fez um grande esforço e com ele assinamos um contrato-programa, mas posso lhe garantir que o dinheiro disponível não chega para 15 provas internacionais obrigatórias e catorze a nível nacional, após realizarmos duas. Temos que movimentar cerca de trinta a quarenta atletas por cada viagem. Para este ano fomos disponibilizados três milhões de meticais, dos quais setecentos mil meticais já foram gastos pelo anterior elenco na realização da Assembleia – geral. Nós agora estamos a tentar gerir contas.
Os campeonatos nacionais realizam-se quando e onde?
Os “nacionais” de pista serão em Maputo; Corta mato, em Chimoio; meia maratona, na Zambézia; quinze quilómetros de estrada, em Nampula. Até Outubro todas provas serão realizadas.
O material dos Jogos Africanos já foi distribuído pelas províncias?
No Zimpeto não existe material nenhum que tenha sido utilizado nos Jogos Africanos. Fui ao Zimpeto fazer levantamento e constatei que o que está lá é insignificante. Aquilo que vi e ajudei o país a ter, não é aquilo que encontrei agora. Dos quinze mil dólares que a IAAF nos dá, vamos tirar cinquenta por cento para comprar material na China para oferecer todas as províncias, para além do material que aguarda a isenção do Governo.
Lá no Zimpeto o que disseram do paradeiro do material dos Jogos Africanos?
Prefiro não abordar mais este assunto. Melhor do que ninguém, as pessoas que trabalham no Estádio Nacional do Zimpeto é que podem dizer onde está o material. Era muito material!
A federação já tem parcerias internacionais?
Temos uma parceria que vai pagar as despesas de formação de dois técnicos em Portugal. E sou convidado a ir a Dubai para escolher apoios que pretendo. Também há federações, como a sul-africana, que querem cooperar connosco na preparação dos nossos atletas. Internamente já tivemos reunião com o MJD e Comité Olímpico para atribuição de bolsas aos nossos atletas. Já temos bolsas garantidas para quatro atletas.
Não está arrependido em se ter candidatado a presidente da FMA?
Eu sou uma pessoa com muita certeza naquilo que faço. Não me arrependo, porque confio em Deus. Sei das pedras que tenho pelo caminho, mas vou pegar nessas pedras e construir a casa de atletismo que pretendo para o país. Estou aqui para criar bases para que no futuro haja mais Lurdes Mutola.
Acha que no país há interesse superior pelo desenvolvimento do atletismo?
Eu não posso responder pelos outros. Gostaria que houvesse interesse. Eu sei que o Governo está interessado pelo desporto. Agora, se se faz bem ou se faz mal, nada tenho a dizer.
O Governo é um bom parceiro?
Não tenho problemas com o Governo. Só que, quem não chora não mama. Eu vou chorando a ver se o Governo dá material e infra-estruturas para podermos trabalhar melhor. Nós já estamos a trazer mais atletas para as pistas. Nos campeonatos nacionais os atletas vão correr para ganhar dinheiro e não somente para obter medalhas.