A Selecção Nacional de Futebol, “Mambas”, ainda não tem treinadores para dirigir a campanha de qualificação à fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN) 2015, agendada para Marrocos.
Está poluído o ambiente no Gabinete Técnico da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), em resultado da não indicação, até agora, do Seleccionador Nacional de Futebol e respectiva equipa de apoio para a campanha de qualificação ao CAN de Marrocos.
A situação deteriora-se porque quando da realização do Campeonato Africano para Jogadores Internos (CHAN), na África do Sul, em Janeiro passado, a FMF anunciou, através do respectivo presidente, Feizal Sidat, que havia acordo com João Chissano e Mano Mano para a renovação de contratos como treinadores dos “Mambas”.
Sidat argumentou na altura que a selecção comportou-se bem no CHAN, daí a “natural” renovação de contratos com a actual dupla técnica.
Abordado a propósito pelo domingo, Feizal Sidat repetiu o mesmo discurso, acrescentando, inclusive, que os dois treinadores referenciados já estão a beneficiar de novos salários.
– João Chissano e Mano Mano renovaram contratos e até já recebem bem. Agora têm novos salários. O Filipe (secretário-geral) assinou pela federação. É fofoca que os treinadores não assinaram novos contratos com a federação, atirou o presidente da FMF, coadjuvado por Gervásio de Jesus, vogal de direcção.
AFINAL QUEM É FOFOQUEIRO?
Como lhe competia, domingo abordou, em separado, os treinadores João Chissano e Mano Mano, os quais fecharam-se em copas com o argumento de que o assunto é entre eles e a federação.
João Chissano não quer falar do assunto. Mano Mano endossa o tema para João Chissano. Perante este mutismo, contactámos diferentes fontes da própria federação e concluímos que efectivamente os treinadores não renovaram contratos com a federação.
O que aconteceu afinal?
Após a conclusão do CHAN da África do Sul, e porque os treinadores reclamavam o salário de 90 mil meticais mensais pago desde a “fuga” de Gert Engels, o Ministério da Juventude e Desportos e a FMF concordaram em rever os contratos de João Chissano e Mano Mano.
Nessa revisão, os dois treinadores viram sua condição salarial melhorada acima de 100 por cento, ainda assim muito distante dos 10 mil dólares que eram pagos ao germânico Gert Engels.
Ora, o processo de revisão dos contratos implicou assinaturas de novos documentos, não propriamente contratos, o que confundiu o presidente da FMF. “Tratou-se de uma adenda”, esclarece fonte federativa.
Isso significa que os contratos da FMF e João Chissano são os mesmos assinados em 2011 e terminam a 30 de Junho de 2014. A partir dessa data, Moçambique não tem legalmente um seleccionador nacional.
Qualificação começa em Maio
A posição de Moçambique no ranking africano implica que, uma vez mais, tenha que passar primeiro por uma fase preliminar para poder entrar na verdadeira fase de qualificação para a edição 2015 do CAN a ter lugar em Marrocos.
A CAF baseou-se no desempenho das selecções durante as três últimas edições do CAN, das eliminatórias dessas edições, bem como das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 para definir a sorte dos países.
Na pré-eliminatória, Moçambique enfrentará provavelmente um dos adversários da zona, que também está fora dos 21 melhores à data da definição dos critérios qualificativos, 24 de Janeiro, nomeadamente Botswana (24º), Tanzania (37º), Namíbia (38º), Lesotho (40º), Madagáscar (41º), Suazilândia (46º) ou Maurícias (46º).
A fase preliminar vai decorrer entre Maio e Agosto do corrente ano, enquanto a última (a de grupos) será disputada de 5 Setembro a 19 Novembro.
Já o sorteio para os jogos qualificativos do CAN-2015 vai ter lugar no dia 27 de Abril próximo no Cairo, a capital egípcia.
O sorteio da fase final será realizado em 26 de Novembro de 2014, no Marrocos.
A fase de grupos será dividida em sete grupos de quatro equipas cada. Os primeiros dois classificados da fase de grupos vão qualificar-se directamente para o CAN previsto para 17 a 7 de Fevereiro de 2015 em quatro cidades marroquinas (Rabat, Agadir, Tanger e Marraqueche), perfazendo 14 selecções.
As outras duas vagas serão ocupadas pela equipa melhor classificada em terceiro lugar na fase de grupos, bem como a do país anfitrião, Marrocos, para perfazer 16.
Dos 51 países envolvidos nestas eliminatórias, as 21 principais equipas listadas no ranking da CAF serão automaticamente qualificadas para a fase de grupos.
Do grupo dos países falantes de português Angola, em nono lugar, e Cabo Verde, em décimo, não passarão pela pré-eliminatória, juntando-se aos outros 19 melhores posicionados, nomeadamente a Nigéria (1º), Gana (2º), Costa do Marfim (3º), Zâmbia (4º), Burkina Faso (5º), Mali (6º), Tunísia (7º), Argélia (8º), Togo (11º), Egipto (12º), África do Sul (13º), Camarões (14º), RD Congo (15º), Etiópia (16º), Gabão (17º), Níger (18º), Guiné Conacri (19º), Senegal (20º) e Sudão (21º).
Sete destas selecções são cabeças-de-série, da fase de grupos, designadamente Nigéria, Gana, Costa do Marfim, Zâmbia, Burkina Faso, Mali e Tunísia.
Contratos terminam em Junho
– Inácio Bernardo, do MJD
Inácio Bernardo, director geral do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), garantiu ao nosso jornal que os contratos de João Chissano e Mano Mano com a FMF expiram em Junho próximo.
Aquele dirigente escudou-se a detalhar o assunto, argumentando que é assunto interno da federação, apesar de ser o FPD, braço do Ministério da Juventude e Desportos, a pagar os salários aos treinadores.
– Só posso dizer que os contratos dos treinadores terminam em Junho. O resto é com a federação,resguardou-se.
Custódio Mugabe
