Na Matola, nos torneios Bebec, iniciou um sonho que o levou a palcos mundiais vestindo emblemas de diferentes clubes e da Selecção Nacional de Futebol. Cumpriu a missão com zelo e dedicação. Agora, penduradas que estao as chuteiras profissionais, Gonçalves Fumo calça para contribuir na formação de jogadores que também querem seguir suas peugadas e espreitar o futebol profissional.
Foi na Matola que tudo comecou e é também onde o antigo jogador retorna para ensinar como se faz à miudagem, maioritariamente do bairro Khongolote, onde se está a instalar a nova academia de futebol.
É um sonho que despertou no jogador quando vestia a verde-branco, no Sporting de Portugal, ido do Maxaquene. A qualidade de formacao de jogadores na Academia dos “leoes” contagiou o antigo integrante dos “Mambas”.
– E um sonho desde que deixei de jogar futebol. Acho que o Sporting despertou este sonho, tendo estado num clube como aquele, que produz muitos bons jogadores, tem uma das maiores academias do Mundo, isso tudo me fez pensar em implemnetar um projecto semelhante no final da carreira.
Goncalves Fumo tem às suas ordens um grupo de 300 miúdos sonhadores, divididos em categorias de Sub 11 e Sub 13, os quais, disputam um mini torneio da academia para a seleccao dos melhores talentos. A perspectiva é fornecer a matéria-prima aos clubes nacionais e estrangeiros, podendo ser outras academias.
O desafio de infra-estruturas continua por vencer, mas, longe de reclamar as condicoes, o coordenador e promotor da academia prefere contornar as dificuldades com trabalho. Foi lhe ensinado que o perfeito só existe no verbo.
– Estamos a trabalhar na Matola, em Khongolote, estao criadas algumas condicoes, estou feliz com a reabilitacao dos campos que o Municipio está a fazer, está a ajudar-nos, as condicoes do campo sao boas, estou a gostar, apesar de nao ser o ideal, já dá para trabalhar, fazer passes, dominio de bola, desmarcar, coisas mais necessárias para os princípios básicos do futebol.
LIMAR DEFEITOS
Na Academia de Goncalves Fumo nem todos meninos ignoram o básico do futebol. Aliás, como ele próprio defende adiante, Moçambique tem a vantagem de possuir muitos talentos natos, sendo, por isso, a principal missão dos técnicos ser de limar arestas ou alguns defeitos.
De resto, fora o móbil Sporting de Portugal, Gonçalves Fumo colocou-se o desfio de formar futebolistas porque nota que as actuais selecções nacionais carecem de intérpretes ao nível das exigências que se impõem.
– É preciso muita coisa, o nosso futebol está carente de bons jogadores, falta formação, exactamente onde não conseguimos olhar com maior atenção. A formação base é o essencial, na Academia do Sporting, por exemplo, investem mais nesta área, é aqui onde se aprende para quando crescer o jogador enfrentar o adversário sem dificuldades, conhece bem a posição que deve ocupar no campo, adapta-se facilmente a qualquer treinador. O que acontece é que nao existe esse ensinamento, e quando nao há dificilmente podemos ir à frente.
Fixa-se mais na selecções nacionais para dizer que “temos bons jogadores mas tem dificuldades de enquadramento e até medo de mostrar o que sabem como jogadores”.
No Khongolote, Goncalves não pode atender a todos miúdos interessados em jogar futebol devido a incapacidade logística de equipa-los e fazer face a outras necessidades. Por isso, alguns ficam de fora.
– As condições disponíveis obrigaram, inclusive, a afastar alguns miudos, a academia cresce com apoios, não é fácil trabalhar com muitos miúdos, tento tudo para incentivá-los, mantê-los para que amanhã sirvam ao nosso desporto. Tenho falado com alguns amigos no estrangeiro e aqui no país. No estrangeiro me dizem que querem mais jogadores bons de Moçambique. Alguns destes miúdos vão jogar em clubes nacionais, outros irão seguir seus sonhos em academias no estrangeiro.
Internamente, o antigo jogador procura parceiros que contribuam com material e equipamentos, havendo um sinal positivo de o Município da Matola vir a contribuir, à semelhança do que já com com alguma irregularidade o Ministério da Juventude e Desporto.
A conjugação de esforços está sempre presente nas ideias de Goncalves, porque assume que sem união será difícil levantar o futebol nacional. “Temos que saber trabalhar juntos para seguirmos em frente, é possível no futuro termos estrelas de futebol em Moçambique”.
Futuramente, os melhores atletas estarão concentrados em determinado espaço para elevar suas capacidades com apoio de técnicos qualificados.
– Queremos que na academia fiquem os melhores e olharamos por eles com o objectivo de termos um futebol forte no país. Falta-nos algum material e estamos a precisar, não quero que os miúdos desistam de seus sonhos. Não queremos que os miudos tenham deficiencia quando atingirem o patamar alto como a selecção nacional. Os nossos resultados não são positivos porque não apostamos no essencial que é a formação. Vamos a precisar de sorrir no futuro.
Texto de Custódio Mugabe
