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FMF e Gert Engels: divórcio era inevitável

Por admin

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) chegou a acordo com o treinador Gert Engels para a rescisão do contrato depois do técnico fugir directamente da Guiné-Conacry para Alemanha, no

 rescaldo do descalabro de 6-1 na quarta jornada de qualificação ao “Mundial” do Brasil 2014.

 

Se em Outubro de 2012 Feizal Sidat e seus pares – pode-se ler António Chambal – renovaram a confiança no treinador depois do desastre na caminhada ao CAN 2013 frente a Marrocos, agora a liderança da FMF já disse sim ao pedido do treinador para não mais voltar a orientar a selecção nacional.

Aliás, logo que tomou conhecimento da decisão do treinador, a direcção da FMF tratou de avançar para a opção mais imediata, que era a indicação de João Chissano para assumir as rédeas da equipa e preparar o desafio de hoje contra o Egipto, sempre com auxílio do também moçambicano Mano Mano.

Agora, Feizal Sidat tem de fazer a devida diplomacia com os amigos da Baviera, eles que indicaram e escolheram o treinador agora em fuga, limitando-se a FMF a aceitar a oferta.

Curiosamente, Gert Engels fez a devida leitura da situação e, à semelhança do sucedido na viagem a Marrocos, fez as malas em Maputo contando não regressar tão já, separando-se dos jogadores sem sequer voltar ao ponto de partida para um adeus formal à direcção da FMF.

Para o devido adeus, o treinador alemão entendeu que fosse suficiente um “e-mail” para Feizal Sidat, ele que também entende de tecnologias de comunicação.

 

OBJECTIVOS E SONHO PROIBIDO

Quando foi apresentado aos jornalistas em Maputo, em Outubro de 2011, Gert Engels tratou de dizer que mais do que qualificar Moçambique ao CAN ou “Mundial”, pretendia deixar o país em 2014 com uma selecção ganhadora e respeitada pelo continente fora.

O treinador proferia tal discurso depois de clarificado sobre os grandes desafios que se lhe propunham, num ambiente festivo por parte da direcção da FMF, a qual, conseguira, finalmente, libertar-se do incómodo que se transformara o holandês Martinus Ignatius Maria “Mart Nooij”.

Gert Engels assinou em Outubro de 2011 um contrato de três anos renovável consoante o cumprimento dos objectivos que foram traçados.

O primeiro desafio que tinha pela frente e de operacionalização imediata era de rejuvenescer a composição dos jogadores da selecção nacional, sabido que tinha uma média de idade entre os 27 a 29 anos de idades.

Este repto foi definido na crença dos dirigentes da FMF de que as idades dos jogadores ganham jogos, e, logo, Moçambique tinha que ter mais atletas jovens para poder ombrear com os gigantes de África.

Foi nessa i(lógica) que vimos o treinador alemão preterir em sequência de jogadores como Campira, Genito, Dário Khan, Paíto, Mano, Carlitos, Josimar, Kampango, Wisky ou Rúben, mesmo que alguns deles continuassem em bom nível nas suas equipas.

Aliás, só para citar dois exemplos, Mano, no Egipto, e Paíto, ainda na Suíça, contactaram o Gabinete Técnico da FMF para manifestar o seu descontentamento pela exclusão nalgumas convocatórias, mas a decisão manteve-se e a renovação está mesmo em marcha, com os resultados que se conhecem.

O segundo desafio colocado a Gert Engels e o mais importante era qualificar a equipa de todos nós para o CAN de 2013 e CAN Interno de 2014, provas agendadas para África do Sul.

Moçambique falhou a qualificação ao CAN da África do Sul numa goleada inesperada frente a Marrocos por quatro a zero, depois de vitória em Maputo por duas bolas sem resposta.

Relativamente ao CAN Interno, as esperanças de qualificação continuam acesas depois de Moçambique afastar na primeira eliminatória as Ilhas Seychelles com um agregado de 6-1, vencendo fora por 2-1, e em Maputo por 4-0.

O terceiro objectivo era, em abono da verdade, um sonho: disputar o “Mundial” do Brasil no próximo ano.

Este devaneio foi alimentado a partir do interior da própria direcção da FMF, mesmo devidamente informada de que até nos tempos que o nosso futebol esteve melhor posicionado em África, Moçambique nunca esteve sequer perto de disputar um “Mundial”.

 

ALEMÃO NÃO DEIXA SAUDADES

Chegados aqui, há que revisitar a passagem do treinador alemão pela selecção de Moçambique, ressaltando, de longe, a miséria de resultados averbados pelo cooperante da Baviera.

As nossas contas indicam que Gert Engels orientou a selecção nacional de futebol de Moçambique em 19 ocasiões, ganhou seis, perdeu oito e empatou cinco.

Na batalha que ditou a morte do treinador – “Mundial” 2014- Moçambique venceu apenas o jogo da pré-eliminatória sobre as Ilhas Comores, por 1-0 fora e 4-0 em Maputo.

Seguiu-se o sorteio e os “Mambas” calharam no Grupo G com Egipto, Zimbabwe e Guiné-Conacry.

A estreia no grupo foi com derrota frente ao Egipto por 2-0, a 3 de Junho, para no dia 10 do mesmo mês empatar sem golos na recepção ao Zimbabwe. Seguiu-se novo nulo em Maputo contra a Guiné Conacry, antes do 6-1 de domingo passado, 9 de Junho.

Relativamente ao CAN 2013 perdido para Marrocos, para além da eliminatória decisiva, os “Mambas” afastaram na segunda eliminatória a Tanzania na marcação de grandes penalidades por 8-7, depois de empates a um golo nos dois desafios. Os “Mambas” ficaram isentos de disputar a primeira eliminatória.

No que ao CAN Interno 2014 diz respeito, Moçambique de Gert Engels disputou até agora apenas uma eliminatória contra as Ilhas Seychelles, vencendo os dois encontros por 2-1 (fora) e 4-0 em Maputo.

Com Gert Engels no comando técnico, os “Mambas” realizaram sete jogos amigáveis e não ganharam qualquer um deles.

As derrotas foram com África do Sul (2-0), Vietname (1-0), Irão (3-0), Namíbia (3-0) e Angola (2-0), empatando os desafios com Namíbia, em Munique (0-0) e Suazilândia, em Maputo, pelo mesmo resultado.

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