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FEDERAÇÃO NÃO ALOCA DINHEIRO

Por admin

Sabido que anualmente a FMV recebe do Estado moçambicano fundos para a movimentação da modalidade em todo o país, era de prever que não faltasse dinheiro para 

as actividades das associações. Todo dinheiro é consumido em Maputo, onde actividades são activamente patrocinadas por empresas, com contrapartidas bem visíveis. 

“Nos últimos anos temos um relacionamento melhorado com a federação. Antes havia problemas de comunicação. Ultimamente a federação se informa melhor do trabalho que estamos a fazer em Nampula, o centro de prática de voleibol da região norte do país. E por representarmos uma região inteira seria do interesse da federação apoiar mais o nosso esforço de ver cada vez mais a zona norte representada nas provas nacionais”, afirma João Salatiel.

“Definimos Namialo como pólo de desenvolvimento do voleibol. É lá onde realizamos actividade de massificação da modalidade, envolvendo mais de seiscentas crianças. A federação nos apoia com material de mini-voleibol. A formação é gerida por um cidadão da Costa Rica, Eufraim Solan, que trabalha numa empresa de produtora de bananas”, sublinha o responsável do voleibol na província de Nampula.

O relacionamento com a entidade governamental que supervisa o desporto na província, a Direcção Provincial da Juventude e desportos, também é teoricamente boa, conforme refere João Salatiel.

“Com a parte governamental temos bom relacionamento. Há três anos recebíamos da Direcção da Juventude e Desportos financiamento das nossas actividades, mediante a programação que a submetíamos anualmente. Hoje, mesmo com apresentação de planos de actividades devidamente elaborados e justificados, não recebemos nada. Ainda não fomos informados das razões do corte do financiamento. O que recebíamos não era muito, mas satisfazia minimamente às nossas preocupações.”

Não recebendo dinheiro da federação, não recebendo do governo provincial, os planos de actividades da associação ficam comprometidos, apesar de João Salatiel dizer que “nos virámos à maneira com recursos disponíveis, basicamente de quotização.” Uma e outra entidade empresarial, que gosta de ver o voleibol praticado em Nampula, cede algum patrocínio.

 “Movimentar uma modalidade fora da capital do país é uma gincana terrível. Quase todas as empresas quando solicitadas patrocínios dizem que o podem fazer porque suas sedes estão em Maputo. Não conseguimos abrir as portas das empresas nas províncias, porque as decisões das mesmas, como de projectos de marketing, são tomadas na capital do país.

Os principais clubes praticantes de voleibol em Nampula são a Autoridade Tributária, Universidade Pedagógica, Academia Militar Samora Machel, Universidade Católica, UniLúrio, Escola Secundária de Nampula, às quais se junta a equipa Muathumuno, uma espécie de clube da associação. E há outras colectividades que aparecem e desaparecem.

Os históricos clubes como Sporting, Ferroviário e Benfica de Nampula   limitam-se à movimentação do futebol, que, infelizmente, não lhes traz nenhumas glórias. Mas há esperança de o voleibol um dia os puxar para o lado das vitórias.

Salatiel acha que os gestores desportivos da província de Nampula “andam muito distraídos.” Entende que investem em modalidades que não garantem retorno às suas colectividades, como seriam as taças e medalhas que as modalidades individuais facilmente as conquistam.

“Há cinco anos que voleibol leva para Nampula títulos, o que não acontece com o basquetebol e o futebol, modalidades que aos poucos se distanciam das grandes provas nacionais, quer a nível federado, quer a nível escolar”.

Fazendo uma análise aprofundada sobre o sector de desporto na província de Nampula, Salatiel começa por afirmar que “ a cidade de Nampula está a cair desportivamente, prova o facto de não estar a conseguir colocar mais uma equipa no Moçambola”.

No geral, Salatiel, funcionário da Autoridade Tributária, formado em gestão e contabilidade, mestrado em marketing e comunicação empresarial, acha que deve haver reflexão sobre o desporto na província de Nampula. E observa que  “eu não coloco na frente a questão de exiguidade financeira. É preciso planificar, saber o que queremos atingir com os recursos disponíveis. Os responsáveis pelo desporto provincial não devem ficar acomodados como se tudo estivesse bem, porque muitas modalidades estão a morrer na província.”

João Salatiel, 37 anos de idade, praticou voleibol na Beira, sua terra natal. Há 15 anos vive na província de Nampula, onde foi fundador da Associação Provincial de Voleibol, em 2005. É casado. Tem dois filhos.

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