O Presidente da República, Filipe Nyusi, embora reconheça que há dificuldades, apelou aos dirigentes das federações desportivas nacionais para que façam esforços de fazer o desporto com os recursos disponíveis, ao invés de estarem sempre a reclamar da exiguidade financeira.
O Chefe de Estado falava aos presidentes das federações, no Estádio Nacional do Zimpeto, no balanço da visita que efectuou, quinta-feira, 2 de Março, ao Ministério da Juventude e Desporto (MJD) e às infra-estruturas sob sua gestão.
Antes de se pronunciar sobre as infra-estruturas que acabava de visitar, designadamente Parque dos Continuares e Piscina Olímpica do Zimpeto, depois de ter estado na sede do MJD e na Mozart, o Presidente da República (PR) auscultou as federações, quase todas representadas pelos seus presidentes de direcção, em número de quinze.
MOÇAMBOLA É UMA
CONQUISTA NACIONAL
Após ouvir as lamentações de Alberto Simango Jr. presidente da Federação Moçambicana de Futebol, o PR “votou” a favor do Moçambola, Campeonato Nacional do Futebol sénior, afirmando que é uma conquista nacional.
“O Moçambola é uma conquista nacional. Todos temos que pensar e trabalhar juntos para sua permanente viabilidade, enquanto se buscam outras conquistas”, sublinhou Filipe Nyusi.
O Chefe do Estado escutou atentamente Domingos Langa, novo presidente da Federação Moçambicana de Xadrez (FMX), a dizer que a Academia da Matola, de que é criador, só falta ser declarada melhor de África e que se ainda não é melhor de mundo é apenas por ser africana. Pediu mais apoios à modalidade, cuja massificação é visível em todo o país.
“Essa questão de xadrez eu quero apoiar. Essa visão é correcta. É preciso massificar”, referiu o Presidente da República.
Para todas as modalidades, o Chefe do Estado ia dizendo para que se use a escola para a massificação. E que cada unidade escolar a ser erguida no país deve incluir espaço desportivo.
Respondendo às inquietações apresentadas sobre o desporto para portadores de deficiência física, Filipe Nyusi falou na necessidade de se “explorar mais”, permitindo a formação de núcleos e a realização de campeonatos. Aliás, o PR defendeu que as coisas extraordinárias, como ver um deficiente visual a correr, “fazem diferença.”
Quem também saiu com sorrisos do encontro de 2 de Março foi a Federação Moçambicana de Ténis (FMT), ao ouvir o aval do PR para a cedência de espaço no Zimpeto para a construção de quadras, frisando que “podemos começar com duas ao invés de quatro.”
No entanto, Nyusi alertou para que “não criem federações para endividar o Estado”. Defendeu que os agentes federativos devem saber produzir recursos financeiros para a sua sustentabilidade, o que passa por uma planificação séria e rigorosa. “Não conhecemos planos. Só ouvimos falar de manifestos dos que se candidatam… O impacto do desporto é importante quando a gente investe nele”, acrescentou.
“Comecemos por coisa pequenas, como forma de resolver os problemas. Não corramos para coisas grandes”, sugeriu o Chefe do Estado.
Depois de no Parque dos Continuadores, o PR ter questionado a relva do oval cercado pela pista e de ter considerado a sede da Federação Moçambicana de Atletismo de “pequena para uma modalidade tão grande”, no Zimpeto enalteceu a direcção da FMA pelos apoios que tem encaminhado às associações provinciais, cujas sedes já são condignas.
MJD DEVE FACILITAR
Porque se verifica entre nós idas ao estrangeiro e pretensões de organizar esta e outra prova internacional, por vezes sem dinheiro, o PR recomendou para que sempre se consulte a parte governamental, para que se evite lamentos à posterior.
O PR mostrou conhecer por dentro o que acontece no desporto, onde uns se aproveitam da fragilidade do sector que o dirige para tirarem proveitos pessoais.
“Vocês trazem custos muito elevados. Com pouco dinheiro é possível fazer coisas decentes”, anotou para quem quis ouvir e perceber que ele não anda longe do desporto, não fosse antigo presidente do Ferroviário de Nampula. E apelou “se estão a dirigir o desporto, o dirijam cientificamente. Não danifiquem jovens.”
Muito directo aos dirigentes do MJD, Nyusi disse “sinto que há uma grande distância entre vocês e as federações. Visitem as federações. Conheçam os atletas. O ministério deve facilitar a inteiração das federações com os municípios, distritos e províncias. Coordenem com as universidades que são importantes na formação do atleta. Sinto que há falta de planificação.”
No fim, o PR desafiam o MJD a organizar um debate para uma abordagem aprofundada sobre infra-estruturas desportivas. E adiantou a opinião de construção de recintos multi-usos a todos níveis de administração do país para que não se fique para sempre na dependência de clubes para realizações de eventos do âmbito estatal.
ESTÃO A DIRIGIR
COISAS ESTRAGADAS!
Em jeito de puxão de orelhas aos dirigentes da MJD, o PR quando abordava a triste história da Piscina Olímpica de Zimpeto, cuja queda do seu muro, um ano após a sua construção, causou a morte do seleccionador nacional de natação, Frederico dos Santos, e ferimentos em outras pessoas da modalidade, para além de danos materiais, fez-lhes saber que estão a ser directores de coisas que não funcionam.
Na Piscina do Zimpeto, com o muro já reconstruído, Nyusi não gostou do que viu, designadamente, casas de banho entupidas, restaurante fechado porque o inquilino, mesmo sem pagar renda, fechou a porta e se foi embora, rachas nas paredes e no tecto, lâmpadas queimadas, água a sair por todos os lados e turva. Tudo que não esperava ver!
Nyusi terá ficado com a sensação de que a qualquer momento se vai viver nova tragédia no Zimpeto, devido ao incomparável desleixo dos dirigentes do MJD, esses que ainda não se tinham apercebido que andam a dirigir coisas estragadas.
“Vocês estão a dirigir coisas que não funcionam, sem lâmpadas, sem água, com extintores fora de prazo. Ocupem-se do vosso trabalho. Estão a ser directores de coisas estragadas”, sublinhou PR.