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Do limite das perucas

Por admin

Cuidado com todo o tipo de perucas! As perucas estão intimamente ligadas ao belo, ao ideal e ao tão desejado ser o que não se é! Mas, na mesma proporção, as perucas estão intrinsecamente comprometidas com o falso, o irreal e a fantasia…

Cruzamos o ano 2014 para 2015 ao som de festejos de dois campeonatos nacionais que, ao fim e ao cabo, serviram apenas para satisfazer um indisciplinado ego dos dirigentes da Federação Moçambicana de Futebol (FMF).

Os campeonatos nacionais de futebol de juvenis e juniores disputados em Inhambane e Maputo foram uma prova inequívoca duma simples preocupação de cumprir o calendário de competições anunciado no início da época.

Gerir o futebol com a metodologia de “basta fazermos cumprimos o programa” é penoso quanto perigoso, porque ultrapassa os limites do bem e bom servir assumido pela direcção da FMF quando em 2011 tomou posse para mais um mandato.

Aliás, o dito até aqui serve também para o fantoche Campeonato Nacional de Futebol feminino disputado em Sofala, no qual, uma vez mais, a FMF demonstrou incompetência excessiva na sua organização.

Estes atropelos às mentes daqueles que se interessam e dedicam energias no seu quotidiano ao futebol doméstico acontecem porque a FMF continua a cultivar, de fato e gravata, o improviso, a desordem e o faz-de-conta.

Ora, o problema do faz-de-conta é que nunca conta! O faz-de-conta é igual a peruca porque quando se destapa, a pessoa se apercebe da realidade que sobressai nua e crua. Aí, na sua intimidade individual, o ser humano se dá conta de que afinal nada contou…

Redigimos estas linhas na esperança de que Feizal Sidat e seus sequazes se tenham já apercebido de que os campeonatos nacionais de juvenis, juniores e feminino em nada contaram porque não passaram dum faz-de-conta.

Não faz sentido que num país que ainda reclama a própria massificação e formação do futebol, se dispute um Campeonato Nacional de Juvenis com apenas quatro equipas, maioritariamente dos bairros, com todo tipo de atropelos.

Não faz sentido um Campeonato Nacional de Juniores ser disputado em apenas uma semana, com jogadores a descansarem apenas 24 horas no intervalo dum desafio para o outro.

Não faz sentido um Campeonato Nacional de Futebol feminino ser jogado em simultâneo com uma Liga Nacional de Futebol Feminino, na qual participaram praticamente as mesmas equipas e até em número maior.

As equipas distritais que jogaram o Campeonato Nacional de Juvenis em Inhambane não representam o melhor que o país tem nesse escalão. Por inerência da própria designação, era suposto um “Nacional” reunir as melhores equipas e jogadores da Pátria.

Não é isso que está acontecer no futebol juvenil. De tal sorte que o Seleccionador Nacional até se pode dar ao luxo de não perder tempo e castigar a vista a ver esse espectáculo porque certamente ali não vai encontrar o que procura.

Em Inhambane, no Campeonato Nacional de Juvenis, o Gabinete Técnico da FMF foi mais para ver os jogadores que não podem servir para as selecções nacionais do que propriamente para assistir e selecionar aqueles que podem servir os “Mambinhas”.

Já feriu os tímpanos o discurso de que não se faz mais por falta de meios para se jogar um campeonato nacional de verdade.

Esta desorganização não permite à própria FMF saber quantos jogadores federados o país tem, onde estão e com que camisolas jogam.

Mas tudo isso acontece porque Feizal Sidat dedicou dois mandatos a distribuir bolas aqui e acolá, fazendo-de-conta que está a promover a prática do futebol juvenil quando no seu interior, com o seu Deus, Buda ou Allah, sabe que está a entreter os moçambicanos.

E esta é uma peruca perigosa porque não só engana o consumidor, mas também o próprio promotor. O presidente da FMF tem-se resguardado na fortaleza de falta de fundos para fugir duma inquisição que há muito pede e se justifica.

É tempo de olhar para o futebol com maior seriedade e planificação. O futebol é muito grande e cresceu muito em Moçambique. O futebol cresceu e a direcção da federação ficou pequena.

Só gente pequena pode apadrinhar o nascimento da Liga Nacional de Futebol Feminino e depois assistir os jogos e aplaudir para no dia da final gritar aos quatro ventos que “nós não reconhecemos esta Liga Nacional de Futebol Feminino. É ilegal”.

Ilegais são os campeonatos nacionais de juvenis e juniores porque atropelaram os regulamentos nacionais e internacionais.

Este ano não queremos nacionais de futebol com duas ou três províncias, mesmo que sejam clubes oriundos de pólos de desenvolvimento. 

Nós que estávamos no Kaya-Kwanga com o presidente da FMF no dia do lançamento da Liga ficamos assustados com a capacidade que ele tem de inventar desculpas.

O futebol merece melhor planificação e seriedade.

E é somente isso que pedimos a Feizal Sidat neste ano de 2015….

Custódio Mugabe

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