Creve Machava usou os Jogos Islâmicos terminados semana finda em Baku, Azerbaijão, para vincar que pode efectivamente ser a nova coqueluche do atletismo moçambicano. Dominou a prova dos 400 metros barreiras com o tempo de 50.73 segundos e nem deixou parecer que no Parque dos Continuadores treina-se em condições deploráveis por falta de equipamento básico.
À semelhança de muitos desportistas moçambicanos, o atleta do Ferroviário de Maputo tem um quotidiano repleto de obstáculos que os transforma em desafios por vencer.
Mas há aqueles que os treinadores e atletas que se treinam no Parque dos Continuadores julgam ser “inadmissíveis”. Não percebem porque estão a ser privados de material armazenado no Complexo Desportivo do Zimpeto.
Relatam casos de colchões para provas de salto em altura, discos, dardos e até barreiras. Em Baku, Creve Machava saltou dez barreiras para ganhar a medalha de ouro por Moçambique. No Parque dos Continuadores treina-se apenas com quatro barreiras.
Azarias Samuel, seu treinador, diz mesmo haver falta de vontade dos gestores do Fundo de Promoção Desportiva, que recentemente responderam que os materiais armazenados no Zimpeto servem exclusivamente para as provas que lá se realizarem.
E no Zimpeto quase não se realizam provas. No Parque dos Continuadores já existiram barreiras e colchões, mas o material permaneceu por longo tempo exposto ao sol e chuva e deteriorou-se aceleradamente porque o armazém local estava reservado para outros fins.
Agora o armazém está disponível, mas já não há material.
Azarias Samuel diz mesmo que com equipamento completo talvez outro galo cantaria em provas internacionais porque os técnicos e atletas de vários clubes estão a dar o seu máximo em ambiente adverso.
Instado a analisar o desempenho do atletismo nos Jogos Islâmicos, Azarias Samuel manifestou-se feliz com a prestação de todos atletas, mesmo considerando que Alberto Mamba foi desqualificado depois de pisar a linha da pista.
–O desempenho foi óptimo, apesar de internamente não termos realizado competições oficiais naquela disciplina. Kurt Couto também não fez muitas provas este ano. No caso de Creve a situação é lamentável, porque a associação até quis organizar campeonato, mas no parque não temos barreiras. Temos apenas quatro barreiras para correr cerca de 200 metros. Ele ficou a treinar mais velocidade nos quatrocentos metros. Faltou-lhe ritmo, podia ter feito melhor. Esperamos que o Fundo de Promoção Desportiva forneça este equipamento ao parque porque existe material de sobra no Zimpeto.
