Opinião

Diálogar até quando?

Dialogar não significa capitular segundo a vontade do adversário político. Dialogar com a oposição, sociedade civil é indispensável e faz sentido numa governação patriótica. Em primeiro de tudo, para que exista um diálogo sadio, importa que os proponentes do diálogo sejam gente séria e honesta. Não se pode dialogar com assassinos quando estes usam a premissa para tirar proveito político e económico.

Existem interesses à deriva da democracia que para sobreviver no xadrez político não se importam em hipotecar a sua existência a interesses neoliberais conservadores a governar a Europa.

Em política a hipocrisia é mestra. Se esses países não se importam por seus cidadãos viverem na miséria social e precariedade económica, como  se preocupariam em melhorar a qualidade de vida de uns pretos e mestiços, a que recusam a sua entrada na Europa?

A pedido da Renamo o governo de Armando Guebuza tem sido dialogante, ora recuando fazendo cedências e às vezes mantendo-se firme na defesa do interese nacional. Mas este diálogo com a Renamo, dado o maquiavelismo pungente no uso da conjuntura económica, com o timing referenciador para o início das hostilidades, não deixa de ser intrigante.

O ataque ao paiol de armas no distrito de Dondo em Sofala, seguido de outros a população e às FDS, obedeceu sempre a uma estratégia paradigmática com a chancela política da Renamo. Coagir o governo a fazer o que a Renamo queria, sobre o risco de se perder tudo o que o país havia conquistado: estabilidade política propícia ao investimento estrangeiro, uma democracia estável respeitada universalmente além de crescimento económico, o maior da região.

Não foi um caso que vários analistas políticos do burgo intimidados neste espírito de coerção política e militar iam cedendo à pressão, pondo em causa a Constituição da República, como se esta fosse o pomo da discórdia. Enquanto a Renamo dava tiros,  outros  também o faziam nos centros urbanos em especial  na capital, com uma linguagem desprovida de qualquer sentimento patriótico.

A premissa foi elevada ao extremo da discórdia chegando a carregar de cepticismos quadrantes pensantes a ponto destes procurarem na carta magna algo de tangível susceptível de ser alterado, como se a paz e a estabilidade política estivessem à beira do precipício.

Li tantas opiniões até de constitucionalistas sobre a materia e o que li revoltou-me. Ninguém se importava com a opinião do cidadão em salvaguardar a cultura de paz, nem a do parlamento como centro da gravidade política. Estavam todos interessados em polir e a projectar as suas teses e  sua imagem na media.

O tacticismo político vingou pontualmente levando os incautos apoiados da media habitual a malhar no governo, como se a culpa fosse do executivo, mas foi uma reacçao de pouca dura. O governo em nenhum momento havia hipotecado a vida do cidadão ou a segurança do estado. Foi a Renamo apoiado por uma certa media e influenciado por factores externos e a querer de novo ser protagonista político da desgraça de Moçambique dos moçambicanos. A mentira não pode durar sempre.

O  sector patriótico reagiu rejeitando a premissa  da inverdade e colocou Filipe Nyusi na senda da continuidade, para que não houvesse dúvidas que o voto de confiança do moçambicanos e do partido Frelimo  no legado do actual presidente. Como dizia Milton Friedman, Liberdade política significa ausência de coerção de um cidadão sobre o seu compatriota.

O Governo fez mais cedências que a Renamo e, mesmo assim, o soar das armas nunca parou de se ouvir em especial na zona centro do país. Depois de três meses sem resultados, a 27 de Janeiro, o Governo aceitou a presença de observadores nacionais no diálogo político e, já com estes presentes, as partes acordaram a partidarização dos órgãos eleitorais, quando fazia sentido a sua profissionalização.

Afinal o que estava em causa nao era a constituição, sempre aberta a emendas proposta pela maioria, mas o homem ….

Não contente com o rumar dos acontecimentos a Renamo pretende agora observadores estrangeiros (militares) ocidentais como membros da equipa que irá monitorizar o cessar-fogo, enquanto o governo é pela presença de militares da Sadc.

Moçambique é um país pobre mas com um manancial de recursos apelativos à qualquer potência política e militar. Por uma questão de segurança interna, não seria sensato da parte do governo  aceitar uma presença militar fora do quadro da Sadc. O que a Renamo pretende é lavar a face junto a um ocidente, que se por um lado não se revê nas acções da Renamo acha o momento oportuno para uma lança em Africa.

Cada país tem a democracia que merece, isto desde que a democracia signifique, liberdade, igualdade de participação a todos cidadãos independentemente da raça, credo religioso , sexo…… e não um cenário permeável a pressupostos  construidos para um potencial sobrevivência fora da legalidade democrática. A sustentabilidade da nossa democracia não pode depender de factores externos e muitos menos ser refém do terrorismo.

Num certo dia seremos réus deste tipológico comportamento de olhar a política. O elemento referencial numa democracia é baseado por um alto grau de participação e adesão no escrutínio eleitoral  liderados por partidos políticos. Aí sim, é que se deve determinar o grau de consciencialização política segundo padrões  de democracia existentes no mundo. O contrário pode provocar cepticismo ao sistema, e uma a abstenção como voto de desaprovação. O governo vai continuar a dialogar com a Renamo, a questão que se coloca é até quando?

Inácio Natividade

One Comment

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