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Clubes reclamam psicólogos para atletas feridos no Zimpeto

Por admin

Os clubes de natação da Cidade de Maputo solicitaram ao Governo a cedência de psicólogos para recuperar os atletas presentes no Estádio Nacional do Zimpeto no dia 20 de Fevereiro passado, quando caiu o muro limite da piscina olímpica que matou o treinador Frederico dos Santos. A resposta tarda a chegar.

Está instalado um clima de desconfiança entre os clubes de natação da capital do país e os ministérios da Saúde e da Juventude e Desporto. Tudo porque aquando do incidente do passado dia 20 de Fevereiro, o Governo, a vários níveis, prometeu total apoio à família do treinador Frederico dos Santos e atletas. As promessas não estão a efectivar-se.

Uma das garantias anunciadas pelo Governo foi a cedência de psicólogos para assistir aos atletas que viveram de perto o infortúnio, alguns deles que contraíram ferimentos e foram imediatamente internados no Hospital Central de Maputo.

No entanto, apesar de várias tentativas, quando passam quase 30 dias, os atletas ainda não viram nem sequer uma sombra de psicólogo. De resto, clubes como Golfinhos e Ferroviário já se adiantaram e fizerem o trabalho necessário com os nadadores, dispensando os psicólogos solicitados ao Ministério da Saúde.

“Estamos ainda em contacto com o Ministério da Saúde e outras entidades do Governo para enviar psicólogos para trabalharem com as equipas de natação no sentido de ajudar a superar do trauma psicológico causado pelo desastre acontecido na Piscina Olímpica do Zimpeto no dia 20 de Fevereiro”, disse ao domingo fonte próxima do processo.

Da mesma fonte apurámos que o Clube de Natação da Piscina do Zimpeto e o Clube de Desportos Tubarões de Maputo defendem ser importante que se envie os psicólogos para as suas equipas, porque nota-se que os atletas e os pais ainda estão ressentidos com o sucedido.

É dentro desta lógica que vários grupos ligados à natação tem efectuado visitas à residência do falecido treinador, Frederico dos Santos, para confortar a família do antigo seleccionador de natação.

PISCINAS CONTINUAM ENCERRADAS

As piscinas olímpicas do Zimpeto continuam encerradas a toda actividade desportiva, por isso, os atletas do Clube de Natação da Piscina do Zimpeto, fundado por Frederico dos Santos, são obrigados a treinar-se no centro da capital do país, concretamente na piscina Raimundo Franisse, sob gestão do Clube Tubarões de Maputo.

Nesta situação, o transporte dos atletas tem sido o principal constrangimento, daí que alguns encarregados de educação solicitaram, inclusive, a abertura do portão alternativo que dá acesso à piscina do Zimpeto para treinos.

Os clubes não estão devidamente informados das primeiras conclusões da Comissão de Inquérito criada pelo Governo para apurar as causas de desabamento do muro que matou Frederico dos Santos e feriu outros atletas.

Os atletas contam que apenas ouviram comentários na comunicação social, mas ninguém se dignou a comunicar-lhes directamente o que originou a queda do muro e quem foram os responsáveis.

No entanto, a Comissão de Inquérito ao acidente concluiu que as regras de bem construir não foram observadas, recaindo as responsabilidades sobre o empreiteiro e o fiscal da obra.

O Governo anunciou que algumas situações merecem um aprofundamento, como o facto de não ter havido a entrega formal da obra e também a localização de alguns documentos fundamentais da empreitada.

A comissão constatou que o muro era constituído por três painéis justapostos, um dos quais que adere à fundação, outro intermédio que tem vigamento e um terceiro que tem 46 metros e uma altura de 4,60 metros. Foi justamente este último que acabou desabando e provocado a vítima mortal e os prejuízos materiais.

Também concluiu que os blocos que constituem o muro tinham uma resistência não especificada, que é da Classe “C”, com cerca de 2 megapascais, enquanto deveriam ser da Classe “C” com uma resistência de seis megapascais, recomendada para situações de exposição a ventos fortes e outras intempéries.

Apurou ainda uma série de anomalias desde o início da obra, nomeadamente desde quando o fiscal começou a intervir. Constatou-se ainda que houve uma mudança em relação ao que tinha sido projectado na parede que desabou.

O que tinha sido projectado é uma parede que teria vãos abertos para possibilitar a passagem do vento, com varões embutidos para dar maior consistência e que ficariam amarrados a uma estrutura metálica que daria a segurança necessária.

Uma investigação está em curso para apurar como as regras de bem construir não foram cumpridas ou ao se fazer a alteração por que é que não houve o cálculo estrutural que conferisse a segurança necessária que evitaria a tragédia.

A comissão constatou ainda que há uma série de anomalias no edifício, tipo fissuras, algumas das quais que vêm da altura da construção e mesmo agora a estrutura que lá está aconselha a maiores cuidados porque não está em segurança.

Foi recomendada a responsabilização dos intervenientes na obra, nomeadamente o empreiteiro e o fiscal, porque constata-se que houve negligência.

 A comissão era constituída por quadros do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Ordem dos Engenheiros, Conselho Municipal e Ministério da Juventude e Desporto.

Custódio Mugabe

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