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Civis e militares juntos no quartel

Por admin

A Cidade de Chimoio, capital provincial central de Manica, acolheu de 19 a 25 de Setembro de 2013 o IV Festival Desportivo e Cultural Militar, trinta anos depois da terceira edição realizada em 1983 na cidade de Maputo.

Próximo ano tem lugar na capital do país uma edição especial alusiva ao 50º aniversário do início da Luta de Libertação Nacional. Depois, o certame passa a realizar-se de dois em dois anos, conforme deu a conhecer o Presidente da República, Armando Guebuza, na brilhante cerimónia de abertura, nesse tal dia em que o desporto e o militarismo estiveram de mãos dadas no campo de futebol do Quartel de Batalhão Independente de Chimoio.

A declaração do início do IV festival foi antecedida de singela cerimónia restrita de deposição de flores no Monumento em Memória do Soldado Desconhecido, no quartel, pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas e de Defesa de Moçambique, Armando Guebuza.

O estadista moçambicano, acompanhado de ministros e altas patentes militares, ansiosamente assistiu ao desfile de atletas e soldados representando o Estado-maior General, o Exército, Força Aérea, Marinha de Guerra, Escola de Sargentos das Forças Armadas e Serviço Cívico.

Mais de quinhentas crianças, que o falecido presidente Samora Machel as apelidou de “flores que nunca murcham”, souberam dar cor e alegria à cerimónia, com ginástica massiva que os mais velhos não queriam que acabasse, mesmo com a chatice provocada pela poeira que a todos sujou de castanho.

Valeu igualmente o momento musical que levou ao palco a nata da casa. Quem ouviu, se não dançou, mexeu-se, porque a música maniquesse também faz vibrar o tecido carnal humano.

Porque tinha sido anunciado que haveria lançamento de paraquedistas, por momentos os olhares trocaram a tribuna onde se encontrava sentado Armando Guebuza, pelo céu azul. Cada pássaro que atravessasse o campo era confundido com avioneta do paraquedismo. Quando chegou a vez da visualização da esperada aeronave, só os pés continuavam ligados ao chão. “Está aí o avião! Já vai lançar os paraquedistas! Já lançou! São dois! Aquele vai cair fora do campo! O outro é capaz de cair em cima de alguém!” Houve quem admitisse, em brincadeira, que qualquer dos paraquedistas fosse cair em Santujira, que não dista muito longe de Chimoio. Mas nada disso aconteceu. Os dois paraquedistas caíram dentro das quatro linhas, um mais ao centro, outro perto do canto de pontapé de canto. Ficou-se à espera de outros lançamentos, mas a  avioneta nunca mais foi vista.

Estar no quartel para ouvir o Presidente da República a discursar, para ouvir músicos a cantarem, para ver crianças a fazer ginástica, para ver ao lançamento de paraquedistas, para ver jovens pertencentes às unidades militares a desfilarem, em representação das zonas sul, centro e norte, era novidade para muitas pessoas da população civil, que em algum momento tiveram que obedecer à disciplina militar.

Mesmo os jornalistas passaram por essa “chatice” de “vão para onde? Fazer o quê? Vão sair hoje ou vão dormir? Passem daquele lado…Ai não!”

E houve civis de barriga visível (pergunte-se ao colega Reginaldo Cumbana, chefe de Redacção do Desafio) que eram cumprimentados em continência pelos soldados.

É que, naquele baralhado de militares e civis tornava difícil distinguir quem era oficial militar, quem não era. Melhor para os soldados rasos era manter-se sempre em continência para não faltar ao respeito a nenhum oficial, fardado ou não.

E quem teve tempo de passear pela cidade capital de Manica pode verificar que, na verdade, só continua pequena pelo tamanho, pois nela já se apertam pessoas, carros e casas.

E ainda bem que o lixo ainda não produziu lixeiras. Ou a face que vimos foi emprestada para Chimoio receber o IV Festival Desportivo e Cultural Militar? Pode ser que sim, pode ser que não! Seja como for, Chimoio de ontem, não é o mesmo de hoje. Actual capital de Manica é melhor que a anterior.

Até à próxima, Chimoio – coração pequeno – que Guebuza disse já ser grande!  

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