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Básquete precisa-se

Por admin

Morrumbala (agora vizinho de Derre, sua localidade hoje distrito) deve ser dos muitos distritos deste vasto Moçambique onde a modalidade de basquetebol ainda não é praticada, embora seja a segunda mais financiada pelo Estado, via Federação Moçambicana de Basquetebol (sublinhe-se a palavra Moçambicana). Lá não há bola ao cesto, porque onde por milagre se avista um campo de salão, não há tabelas, e onde algum dia existiram tabelas, nada continua em pé.

Desta vez, em gozo de férias de 2014, levava na bagagem dez bolas de mini basquetebol e dez calções, material oferecido pelo Comité Moçambicano de Mini basquetebol, a meu pedido, na pessoa do grande e exemplar desportista Hernane Mussa.

Pensava eu que a Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB) e a Associação de Basquetebol da Zambézia alguma vez tivessem levado a modalidade ao distrito, esse pólo de desenvolvimento definido pelo Governo Moçambicano, este que outrora defendia a ruralização do desporto, o que pressupunha que seria seriamente levado às zonas rurais.

A vila de Morrumbala (embora tarde em ser elevada a Município) não é tão rural como se imagina. Nela reside gente de todos os extractos sociais, onde se misturam pobres, ricos, analfabetos, instruídos, académicos e por ai fora). Há lá crianças que gostariam de praticar outras modalidades. Faltam estruturas de implantar essas modalidades. Então, só se joga futebol nas condições localmente possíveis.

Andei à procura de algum professor que fosse capaz de iniciar com o mini basquetebol, no aproveitamento de tanto talento que pude observar in loco. Não o encontrei. Um e outro se queixa de ninguém se interessar pelo desporto no distrito, onde todos se acotovelam em sectores produtivos ou amplamente financiados pelo Estado e ONGs, sobretudo onde persistem falta de verdadeira fiscalização.

Duvido se na direcção dos Serviços de Educação, Juventude e Tecnologia (onde se diz existir departamento de desporto) se fale tanto de falta de infra-estruturas desportivas como se fala de falta de escolas e salas de aulas ou de Ajuda Directa às Escolas (ADE), um fundo financeiro dinamarquês anual que se destina a compra de material escolar, cuja aplicação por parte de certos directores das escolas deixa muitas dúvidas.

Na falta de tabelas convencionais, ninguém aceitou a minha sugestão de arco fixado no tronco de árvore que servisse de cesto. As próprias crianças, mesmo com as bolas na mão, se mostravam receosas em fazer das árvores tabelas de basquetebol. Queriam que eu ou alguém de imediato fizesse chegar ao distrito as tabelas que tanto fazem falta nas escolas. As tabelas que existiam no campo de salão aberto do Instituto de Formação de Professores (IFP) terão sido destruídas por desleixo.

Porque não devia regressar com as bolas a Maputo, acabei convencendo os putos a aceitarem aprender o basquetebol nas árvores, até que a FMB desenhe projectos de massificação da modalidade nos distritos. Porém, desconfio que neste momento aquelas bolas estejam a ser utilizadas para o futebol, tal como vi nalguns dias quando lá vivia.  

Sim, basquete precisa-se em Morrumbala.   

Manuel Meque

 

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