Desporto

Alguém quer matar o boxe no Matchedje

Watche António, pugilista e Chefe de Departamento de boxe no Matchedje, lamenta a atitude da direcção daquele clube militar de abolir a prática desta modalidade, alegadamente por falta de dinheiro para pagamento de subsídios mensais aos atletas.

Segue-se a conversa que o chefe de boxe no Matchedje, pugilista no activo, medalha de bronze dos X Jogos Africanos de 2011, nos concedeu.

Watche António, consta que a modalidade de boxe está em extinção no Matchedje. Ainda é chefe de departamento?

Acho que sim. Ainda não me mandaram cessar dessa função, embora o departamento de boxe esteja de qualquer maneira.

Não participaram no torneio de abertura da Cidade de Maputo. Que se passou?

Paramos de treinar. Alguns por falta de dinheiro para transporte, outros por falta de equipamento.

O clube ainda vos deve dinheiro de subsídios?

Desde Agosto do ano passado que não recebemos.

O que diz a nova direcção encabeçada pelo coronel Eugénio Chongo?

Os dirigentes dizem que estão a resolver o problema que consideram ser de contabilidade pública. Dizem que era dinheiro que saia sem justificativo. Isso vem sendo dito desde Agosto do ano passado.

Quanto recebia cada um por mês?

Cerca de mil e oitocentos meticais.

Quantos são?

Com direito a subsídio somos dezassete, dos quais oito somos militares.

Será que como militares não recebem do Orçamento do Estado?

Recebemos. O que temos vindo a reclamar é o subsídio de atletas paranós militares e para os colegas que não são militares.

NOSSA VONTADE É CONTINUAR

A COMBATER PELO  MATCHEDJE

Não havendo vontade por parte dos dirigentes em manter a prática de boxe no Matchedje, o que pensam do vosso futuro?

A nossa vontade é continuar a fazer o que mais gostamos, que é praticar boxe em representação do Matchedje e de Moçambique. Viemos para o Matchedje para praticar boxe e é o que queremos continuar a fazer.

E foi por serem bons pugilistas que passaram a ser militares. Estou enganado?

É isso mesmo. Para que não saíssemos do Matchedje fomos submetidos a treinos militares em Cabo Delgado. Quase todos começamos a representar o Matchedje com treze ou catorze anos de idade. Agora que já somos melhores de Moçambique, pais e maridos, o clube já não nos quer como atletas. Deviam saber que quando crianças não precisávamos de subsídios porque não tínhamos rendas por pagar nem filhos e mulheres por cuidar como agora. Já não somos miúdos que se contentam de chucha sem leite.

Mas o que diz o presidente Eugénio Chongo?

O coronel Chongo encontrou o problema. Como solução optou por nos mandar parar de treinar e jogar para a dívida de subsídios não aumentar.

Portanto, este ano Matchedje não combate!

Corremos o risco de não participar em nenhuma prova este ano. Até agora não estamos inscritos na Associação de Boxe da Cidade de Maputo.

Não tencionam continuar vossas carreiras noutros clubes?

Para nós que somos militares a coisa é complicada. Nem podemos pensar em “fugir” para o Ferroviário. O atleta olímpico, melhor de 2013,  Juliano Máquina, já se vai embora. Outros também estão de saída.

Se pudesse estar com o ministro da Defesa Nacional o que lhe solicitária para não deixarem de praticar boxe pelo Matchedje?

Eu, em nome de todos, posso já dizer que o ministro da Defesa Nacional que venha saber o que na verdade se passa no Matchedje, clube que representa o orgulho de todos os militares moçambicanos, cuja visibilidade também se deveu às conquistas do boxe.

Mais o quê?

Que nos ajudem a convencer a direcção do Matchedje que boxe é desporto num clube que se quer como tal.

Manuel Meque

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