Editorial

Os paradoxos da fruticultura

Precisamos mudar em benefício da nossa economia e da saúde. O sector de fruticultura está em agonia no país a ponto de se importar polpa de fruta para produzir sumo. Este facto soa irónicoporque todos sabemos que toneladas de fruta deterioram-seem vários pontos do país tão somente porque a cadeia de valor não funciona em sincrónia.

Os industriais esgueiram-se contra a aquisição e uso da fruta nacional para a produção de sumo alegando que toda ela vem do sector familiar, não tem regularidade de fornecimento e a qualidade é díspar e questionável.

Sem mercado, os fruticultores, maioritariamente do sector familiar, colocam a sua produção no mercado local que também tem deficientes hábitos alimentares com claras consequencias na saúde das pessoas. Note-se quea Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)apontaque cada moçambicano consome uma média anual de 61 quilogramas (kg) de fruta, contra os 146 quilogramas que ela recomenda.Portanto produzimos tanta fruta mas não consumimos o mínimo necessário para o nosso próprio bem. Paradoxal.

Não é por acaso que várias toneladas de ananás, manga, laranja, tangerina, entre outras, que são produzidas em todo o vasto território nacional deterioram sob o olhar impotente dos camponeses.

Também não é por acaso que vários organismos internacionais como a própria FAO, Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), entre outras, estejam a desenvolver programas para o combate a mal-nutrição crónica que afecta cerca de 43 porcento das crianças moçambicanas dos 0 aos 5 anos de idade.

É que a quantidade de fruta que cada moçambicano consome é “muito baixa”, como refere a FAO, assim como é baixa a quantidade e qualidade de outros alimentos, sobretudo porque pelo menos 350 mil pessoas vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.

O cenário se torna mais sombrio quando se constata que o país produz 1.2 milhão de toneladas de fruta diversa e exporta somente 29 mil toneladas do mesmo produto e 95por centodaquelas exportações são de banana,e os remanescentes cinco por cento são citrinos, mangase litchi.

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