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“Xenofobia” financeira

Por admin

Maputo ainda está a refazer-se dos efeitos psicadélicos do Festival Zouk que teve lugar sexta – feira e sábado últimos na capital. Os amantes dos que se esperava ser bom Zouk ainda estão na ressaca do som dos Kassav, Júlia Duarte, Rotin e companhia.

Aliás, estão na ressaca do silêncio do som que durou por ai 30 minutos de espera. Um amigo confidenciou que o problema que originou o silêncio de meia hora foi resolvido a maneira grande, como diriam os ingleses Big Friend.

Durante esse intervalo de tempo os organizadores do evento não se dignaram em colocar uma música por via do DJ ou ao menos indigitar o bom do MC do espectáculo para as habituais desculpas de praxe.

Bula-Bulaestá convicto que de quem assim procede não se pode esperar grandes feitos, pior fica quando se trata de pagar cachets aos seus compatriotas. Torna-se numa situação de tipo pobre pisa pobre, Xenofobia mesmo.    

Vai dai que o conjunto das bandas moçambicanas que desfilaram no palco montado no relvado do campo do Maxaquene auferiram uma quantia, como diria o jovem que se passeia pela capital inglesa, irrisória. 

Como o jovem que perdeu 13 anos enclausurado algures na Machava decidiu tirar uma de consultor de moda, escrevendo no facebook de perfumes, jóias, relógios, fatos e outros acessórios só vistos nas montras do Ocidente, bem que poderia abrir uma frente de agente de músicos nacionais.  Bula-Bula acredita cegamente que se estaria a falar de outros números como cachets, porque com o menino de negócios milionários não se fala de quantias irrisórias.

O amigo do Bula-Bula garantiu que as maiores bandas do nosso país não conseguem receber cachets acima dos 10.000 USD… na melhor das hipóteses conseguem “uns” 6 a 7 mil dólares americanos. Olhando para os artistas que desfilaram no Festival, fazendo as contas por alto, não devem ter recebido, no seu todo mais de 10.000 USd… aliás estas são contas bastante optimistas…

Bula bula que tem amigos em quase todo o lado, pode afiançar aos leitores que nenhuma banda moçambicana recebe internamente valores equiparados aos que se pagam aos angolanos, cabo-verdianos ou outros que por cá aportam… tirando, se calhar, o autor de “Echoes From the Past”

Com as devidas reservas, os cachets dos moçambicanos, comparados com os dos estrangeiros, revelam uma xenofobia financeira interessante; é mais fácil pagar 60.000 USD a uns tipos que vem para aqui por 2 dias do que 2.000 a um que cá nasceu e certamente cá morrerá.

Atenção que aqui não está em causa o valor dos referidos estrangeiros; mesmo considerando que há instrumentistas nacionais que tocam e gravam com cantores angolanos… que o digam o Dodó Firmo, Papy Miranda, Stélio Zóe, Bernardo e muitos outros que volta e meia vão para Angola…

Bula bula sabe que quando artistas nacionais vão para fora são tratados com deferência não acontecendo o mesmo intra-muros. Bolas… como dizia o outro, haja moral ou comam todos!

Bula bula também sabe de um artista que depois de actuar e com bastante sucesso num certo “coliseu” passou a ter muitas dificuldades de arranjar contratos internamente. Parece que o sucesso alcançado lá fora irritou alguns compatriotas que agora dizem: “ai é? Então agora andas lá fora? Ok. Boa sorte com isso que daqui não levas peva nenhuma”. Quer dizer que ao invés de melhorar a sua situação porque representou em grande estilo a nação moçambicana, está a ser penalizado. E não é o único. Há um outro grupo que também está bem lançado interna e internacionalmente… não se sabe se é do sabor a vegetal ou não mas também não consegue melhores números cá dentro.

 

 

 

 

 

 

SOLTA Jerónimo Muianga

 

 

 

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