Opinião

Resolvem nada e complicam muito

Dois novos conflitos de terras, estão instalados. E podem ter vindo para ficar. Um deles em Tete, Muito concretamente em Moatize. O outro, em Maputo, com epicentro em Marracuene.

 

 Sobre o primeiro, o “Notícias”, edição do passado dia 18, titula em primeira página que Manifestantes paralisam minas de carvão de Moatize. Escreve, a abrir a local que Um grupo de 500 pessoas Na sua maioria jovens oleiros abrangidos pela concessão mineira da Vale, em Moatize, província de Tete, colocou durante a noite da passada terça-feira, troncos e pedregulhos fazendo barricadas nas estradas de saídas de viaturas e na linha férrea usada para o escoamento do carvão mineral. Os amotinados que praticavam a produção de tijolos maciços na área operacional da Vale, estão a reivindicar a correcção do valor já pago nos princípios do ano passado de compensação pela paralisação em 2008, da produção de tijolos de barro dentro da zona operacional daquela empresa. Segundo a local, A acção levou a Vale a paralisar por completo a actividade em todos os sectores durante todo o dia de ontem (quarta-feira) porque nenhum operário foi permitido pelos protagonistas a entrar nas instalações provocando prejuízos avultados para aquela companhia mineradora. Afinal, o protesto resulta, de alegados baixos valores das indemnizações. Um valor de 60 mil meticais por proprietário de olaria. E, parece que sim. Que foi um valor demasiado baixo. Insignificante. Para quem tinha direitos adquiridos. E exercia uma actividade séria e legal. No combate à fome e à pobreza. De outra forma, de forma diferente já entende a administradora do distrito de Moatize. Diz ela não haver mais nada a pagar aos oleiros porque tudo foi devidamente encaminhado e bem encerrado. Acrescenta ela, a senhora administradora, que não vejo as razões do motim porque na tarde do dia 16 de Abril, em reunião com os oleiros, expliquei-lhes, detalhadamente, o processo que culminou com a entrega dos valores de compensação pela sua retirada das áreas de produção da Vale. O que a senhora administradora não diz, e isso é pena, é qual foi o acordo que ela fez com a Vale para garantir, para assegurar a retirada dos oleiros. Ou seja, de que lado está. Se está do lado dos explorados ou dos exploradores. E, quanto ganhou com a negociata. Muito provavelmente um alto cargo na Vale. Ou uma reforma milionária. Estaremos cá para ver. Para assistir a como a história do colonialismo – seja ele português ou brasileiro – se repete. Infelizmente.

 

Ooutro conflito de terrenos a que nos referimos no início do texto, está localizado no distrito de Marracuene. Na edição do “Notícias” já referida (página 3), o matutino titula que Afectados pela “circular” recebem novos terrenos. E, logo em seguida escreve: Cerca de 256 famílias abrangidas pelo traçado da Estrada circular de Maputo receberam há dias terrenos na proximidade d extinta fábrica têxtil da Riopele, em Marracuene, a cerca de 30 quilómetros do centro da capital. Também aqui, como sucede em Moatize, o processo das indemnizações, das compensações, parece ser tudo menos pacífico. Enquanto alguns dos abrangidos concordam, estão de acordo, outros não. Sobre esta questão, o referido matutino de Maputo escreve que O valor das compensações às famílias cujas casas foram abrangidas pelo traçado da Estrada Circular, no distrito de Marracuene, na província de Maputo, está dividir os afectados. Convenhamos que este processo de dividir para reinar, como acontecia no tempo colonial, hoje parece ser pouco saudável. Como estamos a assistir, como nos é dado ver, a nossa administração, as nossas administrações públicas criam mais conflitos do que aqueles que resolvem. Por outras palavras, resolvem nada e complicam muito.

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo