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Se quiseres atingir o grande bate no pequeno

Por Idnórcio Muchanga

A Pérola do Índico é, invariavelmente, uma caixa de surpresas… como diria o outro, é o inesperado que muda as nossas vidas, apesar de muitas vezes as coisas continuarem iguais.

Pois bem, uma certa escola – mas parece que a coisa é generalizada – deixou alguns pais e encarregados de educação com ligeiras dores estomacais, ao expedir um “decreto escolar” impondo uma contribuição monetária para o pagamento dos honorários do guarda das instalações.

Ao que disseram a Bula-bula, as entidades responsáveis pela educação cortaram das suas rubricas a mola para os guardas; passaram essa responsabilidade para as escolas, cuja dotação orçamental nunca cobre as despesas mínimas para um funcionamento condigno dos respectivos estabelecimentos de ensino… de qualquer modo, parece ser papel do Estado Moçambicano efectuar o pagamento dos guardas que controlam as escolas, uma vez que estas são infra-estruturas que pertencem ao Estado.

Vai daí que estas – todo o cuidado é pouco e anda por aí muita gente mal intencionada e sem nenhum pingo de vergonha – para protegerem o património escolar, decidiram contratar gente para esse efeito. Entretanto, sem mola para garantir os salários dos seguranças, passaram esse ónus para os alunos que é como quem diz aos pais e encarregados de educação.

Até aí, se é que se pode considerar isso normal, a coisa ainda passa… o problema – e é daí que apareceram os sintomas de mal-estar estomacal – é que agora se transformou esse pedido em ameaça.

Como se pode ver na imagem anexa, os pais que, por qualquer razão, não pagarem o valor em questão, não terão acesso aos resultados finais dos seus educandos. Quer dizer, a condição “sine qua non” para ter as notas é pagar o taco do guarda.

Pasme-se, caro leitor, mas a publicação em causa acontece numa altura em que as aulas estão quase a encerrar. E, mais uma vez, sabe-se que existem muitas famílias neste país que vivem com menos de um dólar por dia.

Os pais ameaçam marchar até ao ministério de tutela. Em ano de pandemia, muitos dizem não estar em condições de fazer o pagamento até porque vivem do comércio informal. A coisa está feia… e, como diria Irene Peter, só porque tudo está diferente não significa que alguma coisa mudou.

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