Foi num desses encontros de boémia, até porque Bula-Bula nunca disse que era monge, roda de amigos, cavaqueira alta, que a estória veio à tona pela boca do locutor, voz de barítono, bem timbrada, com todos os requintes e detalhes, como se o historiador tivesse estado lá apesar de nunca tivesse saído daquele botequim meio mexeruca, escondido algures em Maputo.
Bula-Bula procura aqui reproduzir as palavras do historiógrafo linguarudo, evidentemente depois de um recomendável cruzamento de fontes que, finalmente, confirmam a narrativa.
Assim: O antigo Cinema MontAlto, de Chimoio, foi reabilitado e baptizado com o nome do edil João Ferreira, sem a prévia consulta à Assembleia Municipal. Foi tipo, eu é que reabilitei, eu dou o nome que quero, assim como fazem os meninos que têm bola e ditam as regras do jogo.
Dito e feito, inauguração marcada e nome assente, lá foi a animada multidão, bem composta por sinal, cortar a benzida fita, antes de todos os ilustres adentrarem no sublime e distinto cine, onde era suposto ser projectado um filme, uma daquelas longa-metragens do tipo, “João, o Grande”,precisamente em analogia ao “Alexandre, o Grande”.
Mas, azar dos azares para o tão extraordinário e grandioso João, o Ferreira, o amplificador queimou e quando se pensava que era tudo, o projector ficou bloqueado! Corre para aqui, aperta acolá, aparafusa daqueloutro e, nada! Pior, na hora de o aperaltado MC pedir desculpas, o microfone avariou. Era como se o diabo estivesse ali em pessoa.
Os festivos cansarem-se e desistirem, a começar pelo homenageado benfeitor, só que quando todos saíram, frustrados e a maldizer todos os infortúnios, o projector começou a funcionar…
Bula-Bula não é muito de acreditar em espíritos, mas que os há, lá isso devem existir… (x)
