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Os caixões e a estratégia de provocação e vitimização

Por admin

Na infância, há sempre meninos traquinos e irrequietos que fazem muitas vezes das suas. Dão uns carolos ao irmãozinho mais velho (ou ao amiguinho) e quando este tenta responder, correm logo para a asa do pai ou da mãe e se queixam: “o mano me bateu”. E nunca dizem que “eu provoquei o mano…”.

Esta parece ser desde as últimas eleições autárquicas a estratégia do partido do “galo”. Provocar e depois transformar-se em vítima, para tentar amealhar ganhos com simpatias de “cuidadinho do menino que apanhou sem culpa”. É uma estratégia, obviamente, saloia, mas que parece funcionar em apoiantes alucinados, que a aplaudem na Imprensa dita independente.

 No ano passado, na altura das eleições autárquicas, esta estratégia foi ensaiada em vários locais, até mesmo na cidade da Beira, onde o “galo” incendiou viaturas de membros “do batuque e maçaroca” que estavam na sua própria sede, afirmando depois que foi provocado e que a Polícia tinha agido mal ao tentar controlar os ânimos.

Semana finda em Gaza, um círculo eleitoral alérgico à oposição, por causa de tudo de mórbido que ali se passou durante a guerra dos 16 anos, a estratégia de provocar e depois vitimizar-se veio à ribalta.

Ao que se diz no terreno, os horários combinados com a Polícia não foram cumpridos. Queria-se atravessar toda a província de lés-a-lés, sem requisitar a segurança necessária para se proteger, para depois se gritar que a autoridade não está a funcionar, não faz o seu serviço e só actua do lado do partido no poder. Uma chegada prevista para às 9 horas, só aconteceria às 16 horas e sem prévia comunicação da alteração horária para quem tem que garantir a segurança.

Na quinta-feira, em Nampula, a caravana do “galo”, sem nenhum despudor, lá se fez a um evento do Estado com um caixão (ou simulacro de caixão) e fotografia do candidato Nyusi nele estampado, simbolizando que o candidato da Frelimo está morto! Que brincadeira funesta! E dizem que isto é campanha, não é provocação. Que isto é de bom tom! É limpo! É moralmente aceitável! Ninguém condena isto, pelo contrário, há até quem apoie tudo isto! Que os caixões são uma excelente  estratégia de propaganda política, que são uma resposta à Frelimo, diabolizada nesses quadrantes, enquanto se endeusa o “partido dos caixões”, por aí em diante!

Os primeiros “caixões” deste partido, apareceram em “Quelimane”, onde um grupo de apoiantes queria à viva força depositar a urna na residência do governador local. A segurança reagiu e um jovem foi baleado. Depois seguiu-se a implementação da estratégia de vitimização. Começou todo um aproveitamento político da situação que foi depois descambar em Nampula, onde o vitimado jovem foi sepultado.

Se calhar o “galo” pensa que os “caixões” estão a dar votos. Se calhar pensa que foram eles (obviamente, os “caixões”) que deram vitória nas municipais de Nampula. Não pensa que eles (obviamente, os “caixões”) podem ser sinal de mau agoiro para si próprio.

Agora, eles (obviamente os “caixões”) surgiram em Nampula apresentados como uma retaliação àquilo que aconteceu em Gaza. Ninguém percebe a lógica disto. Mas ela está na tal estratégia da provocação e da vitimização. Por que é que ela está a ser posta em prática a partir da quarta semana de campanha eleitoral? Porquê este nervosismo todo, com “caixões”, pauladas e discurso fastidioso e arrogante?

Amigo do Bula Bula,com o olho clínico na capoeira do “galo”, justifica a implementação desta estratégia por causa de todo o nervosismo aviário, de todo o actual reboliço galináceo, que é originado por dois principais motivos: as notícias de deserção em massa de membros do “galo” nos dois principais círculos eleitorais, Nampula e Zambézia, por um lado, por causa das listas nepotistas a deputados da Assembleia da República e de membros das Assembleias Provinciais, e por outro, pelo regresso em peso de Afonso Dhlakama, que está a recuperar os seus perdigotos que se tinham transformado em galináceos na ausência da “perdiz” dos pleitos eleitorais.

Tudo isto está a criar calafrios e suores nocturnos nas hostes galináceas que não sabem agora que eleitorado vão ter, pois terão que dividi-lo com o pai recém-regressado. Recordar que a “perdiz” é pai do “galo”, mas ambos têm contas a acertar, sendo o filho acusado de traição pelo pai, por causa de tudo o que passou na Beira.

O amigo de Bula Bulaafiançou-nos que quem também anda nervoso com o cenário são algumas chancelarias ocidentais acampadas em Maputo que apostaram no “galo” na ausência do pai deste e que agora se vêem com contas baralhadas pelo que está a acontecer no terreno. Pensava-se que a Frelimo estaria dividida e sem nenhum fulgor nem vitalidade. Mas está a acontecer o inverso. Todos “no batuque e na maçaroca” trabalham com energia em todo o canto e a todo o terreno, não só os notáveis, mas quadros que não eram conhecidos e que estão a notabilizar-se no terreno na mobilização eleitoral. Estas contas dão o MDM e Daviz a ficar onde está agora: 3ª força política do país. Daí toda a algazarra e o reboliço.

 

 

 

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