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O mistério da estátua do herói desconhecido

Por admin

Bem que este Bula-bula podia começar como as estórias que se contam às crianças… era uma vez, uma estátua que alguém entendeu ir montar num ponto nevrálgico da cidade de Nampula. Num cruzamento de movimento intenso, na verdade, aquele é um ponto de tráfego estonteante, bem àquele estilo que só o povo de Nampula sabe criar. Peões, muitos peões, viaturas, motos, bicicletas, camiões e até tractores se emaranham dia e noite.

Hoje ninguém sabe explicar como tudo começou. Apenas que uma certa mente fértil, não se sabe se com a ajuda de comissões, ou se por mera busca incansável de protagonismo, ou ainda se não terá sido daqueles lambe-botas que não faltam em torno do edil de Nampula, ou se não foi ele mesmo, mas alguém contactou um artesão para criar uma estátua para colocar ali numa pracinha inventada sem o mínimo capricho.

Os munícipes, que são os donos da cidade, nem sequer foram consultados e nem achados. A decisão foi do tipo “toma que te dou” e, pelas características da estátua, aquilo era mais um boneco do tipo “mhomhomo” capaz de assustar crianças e adultos. Sem altura, com feições simplesmente abismais, lembrava um rascunho de um forte candidato ao fracasso nas artes. Vejam-se as fotos.

O povo despertou e… pimba. Que boneco é esse? Pergunta para o ar. Resposta? Nicles. No mundo inteiro, estátuas são objectos turísticos, toda a gente se deixa fotografar junto delas, mas aquela de Nampula, no lugar de ser atraente, era mais próxima de um pesadelo. De acordar em pranto, ofegante e jurar nunca mais apanhar sono.

Porque não havia aprovação possível, nem mesmo em jeito de brincadeira, uma outra mente brilhante, caminhou pelo bico dos pés, a meio da noite e, num toque de magia, removeu o estranho objecto e devolveu o oxigénio àquele cruzamento.

Para além de não se saber quem mandou fazer a estátua, também não se sabe quem a removeu, não se sabe se o artesão recebeu o que lhe é devido pela obra, porque tão feia que era não podia ser doação. E quanto deve ter custado? Se conhecemos o esquema, o artesão deve ter recebido 10 por cento do valor que consta na factura e o resto deve ter entrado nos bolsos do espertalhão que o contratou.

Mas, quem era a figura que se pretendia representar naquela estátua. Será que era um herói do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)? Enfim. Bula-bula só acha que o artesão merece uma chance e a autarquia devia enviá-lo para uma formação no Núcleo de Arte, mas antes há que desintoxicá-lo porque hey… aquela primeira obra é um espectáculo às avessas.

Em segundo lugar, e não menos importante, há que descobrir quem foi o contratante daquele serviço. Esse sim, está a precisar de um prémio que pode ser uma boa escova e graxa, porque lamber botas daquela maneira parece demais. Veja-se que o estrado que foi construído está por cima de válvulas de condutas que levam água a vários bairros.

Com a estátua por cima, seria necessário fazer um exercício pouco gratificante de montar e desmontar a estátua para abrir e fechar a água. Melhor ficar por aqui. É muito mistério para um Domingo destes.  

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