Nestes dias, em alguns círculos, o tema sobre o desarmamento da “perdiz” tornou-se candente, havendo opiniões de toda a lavra, e com vários tamanhos e feitios.
Uma das posições que tem tamanho e feitio maiores, em certa Imprensa sensacionalista, e que é apregoada até à exaustão, é aquela que se refere ao famoso “modelo angolano”. Isto é, tal como em Angola, para haver paz, foi preciso matar primeiro Jonas Savimbi, para depois negociar-se com os generais da UNITA, aqui também, o desarmamento das forças residuais da Renamo estaria a seguir a mesma lógica: matar Dhlakama, para depois resolver o resto com uma “perdiz” mais liberal sem o líder.
Mas esta teoria, trata-se mesmo apenas de uma teoria, revela-se um embuste como o próprio Executivo já argumentou. O processo em curso visa recolher armas na posse de homens residuais da Renamo ou em mãos alheias de quem não está autorizado a possuí-las.
O processo tem em vista a manutenção da paz, ordem, segurança e tranquilidade públicas em todo o território nacional, em prol da liberdade e bem-estar dos moçambicanos, por isso irreversível até que o último artefacto de guerra seja entregue e os homens armados sejam integrados para a sua reinserção social, havendo já um fundo para o efeito, o Fundo da Paz e Reconciliação Social.
É que a Renamo tem homens armados nas matas e estão privados do convívio social, porque alguém os colocou nesses lugares e na posse de artefactos de guerra. Estão privados de conviverem com a sociedade, de mandarem os seus filhos à escola, de sentarem com os seus vizinhos e beber um copo. Estão privados de poderem delinear projectos da sua vida, do seu futuro, só porque alguém os quer manter reféns nas matas.
Os que já se entregarem, contam o sofrimento por que passam nesses lugares e dizem que se sentem traídos e enganados por quem vive prometendo dinheiro de pensões, mesmo sabendo que não tem qualquer autoridade para tal. Estão revoltados, fartos de fazerem guerra e querem ser como qualquer um de nós.
Portanto, não há ninguém que quer matar Dhlakama.