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Greves e graves ferroadas na moral!…

Por admin

A greve dos médicos e outro pessoal da saúde ainda vai dar pano para mangas. Dir-se-ia que a procissão ainda vai no adro. E vai dar histórias e estórias para os próximos tempos. Há ainda coisas

 que Bula-Bula está a processar mas algumas, muito outras, dão mesmo que pensar.

Nas redes sociais, esta semana, circularam imagens chocantes de corpos alinhados no soalho do que se disse ser a morgue do Hospital Central de Maputo. As imagens, 3 corpos estendidos. Chocante. Assustador. Bula-Bula que é sensível ficou arrepiado. Como é que chegamos a este nível?

Quem colocou aquelas imagens na Internet – depois reproduzidas por alguns periódicos, ou o contrário – queria chocar ou se calhar mobilizar mais pessoas para a greve do pessoal da saúde. Não sabemos se o terá conseguido mas que conseguiu chocar, lá isso é verdade. As reacções dos internautas foram díspares: uns achavam que era bom mostrar aquelas imagens para que o público – supostamente ainda céptico quanto à justeza ou não dos médicos – percebesse a gravidade da situação.

Bula-Bulacofiou na barbicha e lembrou-se do que acontece noutras partes do mundo: regra geral, não são mostradas imagens de cadáveres. Fala-se de números. Pode-se até mostrar imagens da tragédia sem necessariamente mostrar as vítimas. No WTC, por exemplo, morreram mais de três mil pessoas. Alguém viu algum corpo?

É verdade que a pessoa morreu mas tem família. Pais, filhos, esposas… essas pessoas têm sentimentos que devem ser respeitados. Bula-Bula coloca-se na pele de quem tem um familiar naquelas imagens. Pode ser que algumas pessoas condenem esta posição de Bula-Bula mas – bolas – também temos o direito a manifestar a nossa indignação. Porquê fazer gala do sofrimento alheio?

Infelizmente tornou se normal sermos agredidos por imagens violentíssimas quer a hora do almoço, quer a do jantar. Somos confrontados com pessoas terrivelmente feridas nos acidentes de viação. Doentes contorcendo se e gemendo de dor nas enfermarias dos hospitais. Enfim, parece que resvalamos mesmo para o fundo do poço. Depois acontece, não poucas vezes, os familiares das vítimas serem surpreendidos com imagens aterradoras de fazer verter lágrimas quando pensavam que o familiar ou amigo por essas alturas já estaria no seu local de trabalho ou na escola.

 

Como dizia o outro, a desgraça enquanto está longe é assunto dos outros até nos bater à porta… Assim n´um vale pena!

 

Ordem sacode o capote?

A nossa Ordem dos Médicos finalmente veio dar a cara esta semana, como o fez aliás, o próprio ministro da área. Parecia andar longe dos acontecimentos. Apareceu numa de dar uma no cravo e outra na ferradura e assim foi distribuindo condenações: “repudiámos isto…”, “lamentamos aquilo…”, “apelamos…”, como se isso não tivesse nada… nada… a ver com ela.

Numa das passagens do documento da OrMM lê-se o seguinte: “repudia o formato “Directrizes da 2ª Greve Geral dos Médicos em Moçambique”, que contraria o Código de Ética e Deontologia e apela a todos os médicos o seu cumprimento escrupuloso, designadamente a de prestarem os serviços mínimos essenciais (entenda-se ronda nas enfermarias e serviços de urgência). Ora alguém entendido na matéria soprou ao Bula Bula que nesse comunicado a nossa Ordem deveria ter acrescentado “sob pena de retirarmos as cartas de profissional médico aos que deixarem de assistir os doentes graves”. Que diz a isto a OrMM?

 

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