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Galoroz Agrónomo

Por Idnórcio Muchanga

Cipriano Mutota é um exemplo de que nada mais na humanidade nos deve surpreender. Chegou à tenda com capa de um ex-director do Gabinete de Estudos e Projectos do aviário. Seu hino da madrugada já não despertava nem o menos sonolento. Não é para menos: de um galo que parecia ter domínio da capoeira a ponto de ter recebido a Privinvest, o nosso galaroz mostrou (des)inteligência ao receber um golpe fatal dos seus colegas do calote. Isso mesmo: foi matrecado. Comeram o milho e deixaram-lhe umas sobras. Coitado, teve de engrossar a voz na sua melodia desafinada do amanhecer porque sentia que as suas investidas galináceas não se faziam ouvir bem, mesmo estando no topo do poleiro. E insistiu tanto que queria as suas verdinhas que o galinheiro acabou depositando uns tostões. Então levantou a crista, bateu as asas, sacudiu a poeira e celebrou, deu bicadas como um galo pimpão e entoou hinos de júbilo. Mas o que surpreende neste galaroz é a forma como gastou as verdinhas… uma machamba de gergelim ali em Mocuba, na Zambézia. Colheu, vendeu os produtos e novamente comprou ração para encher o papo. Nem uma capoeira tipo três nem um Vitz, nada. Por esta façanha (difícil mesmo) bem- -conseguida, é Galaroz Agrónomo e, diga-se, por consenso e aclamação, pela sua dedicação para acabar com a fome.

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