O futebol é a paixão das paixões, tanto que dele muitos se aproveitam para benefício próprio, senão para proveito da sua própria imagem. Já vimos de tudo, de presidentes federativos a usar o futebol para ir aos bolsos das pessoas, como se elas não tivessem os seus próprios problemas para resolver; e outros que nem sequer escondem a ambição de dirigir, mesmo que nunca tenham chutado uma bola.
O problema do nosso desporto é alienígena. Tico-Tico concorreu para a FMF e perdeu, mas na África do Sul é uma sumidade, é tratado com reverência pela Cosafa; Lurdes Mutola concorreu para a Federação do Atletismo e perdeu por números indecorosos, mas nos Estados Unidos erguem-se estátuas para a nossa única campeã olímpica; muito recentemente Clarisse Machanguana foi nomeada para o “Hall of Fame” da WNBA, mas concorrendo à Federação de Basquetebol perdeu por outros números indecorosos.
O caso de Alberto Simango Jr. é outro. No seu regresso ao dirigismo já se sabia das dificuldades que a Liga Moçambicana de Futebol sempre encontra para reunir as condições logísticas para o clássico “todos contra todos”, mas aquele “optimismo irritante” do Alberto levou-nos todos a crer que teríamos mesmo um campeonato com as 14 equipas propostas pelo seu manifesto eleitoral.
O resultado é esta monstruosidade, um campeonato que termina com duas jornadas por realizar e a sensação de que para o ano pode ser que nem tenhamos o Moçambola tal como o conhecemos, reflexão que já devia ter sido feita tanto pela Liga quanto pela FMF.
Pela teimosia, cabe este Galaroz da Intermitência para Alberto Simango Jr. Não estamos a dar um bom sinal aos patrocinadores, tão-pouco estamos no caminho da industrialização do futebol, da sua sustentabilidade.

