Depois da polémica tentativa de introdução das chamadas “carteiras móveis” ou “alternativas” (umas autênticas bandejas ou pranchas) pelo Governo, com apadrinhamento
do ex-ministro da Educação, Zeferino Martins, parece que finalmente alguém resolveu pegar e tratar o assunto da melhor maneira.
É que bula-bula lutou tanto até quase “suar sangue” pelas estopinhas para tentar demover o Governo e seus representantes de publicitarem assim como introduzir tal objecto indigno de se chamar de “carteira escolar”, mesmo que a título alternativo!
Foi assim que se assistiu a uma tal petulância do então titular do pelouro da Educação a embandeirar em arco, com alguns integrantes do seu séquito a fazerem-no coro, exibindo ostensivamente as tais pranchas ou bandejas (que se pretendiam alternativas às carteiras escolares) no bairro de Tsalala (município da Matola) e até mesmo, valha-nos Deus, no PARLAMENTO.
Mas o bom da coisa é que tal heresia acabou sendo uma espécie de sol de pouca dura e teve uma passagem meteórica, não mais do que isso. Bula-bula chegou a pensar que o Governo teria optado por uma espécie de surdez selectiva. Mas parece que não.
Não é que há dias o mesmo Governo foi convocado a responder a uma série de perguntas no PARLAMENTO e uma delas estava relacionada com a questão da falta de carteiras para os alunos, o que obriga a milhares deles a se sentarem no chão (faça sol, frio ou chuva) em diferentes pontos do país.
Sorte ou azar, desta vez, quem foi responder a esta questão em representação do Executivo foi o novo Ministro da Educação, Augusto Jone. Bula-bula estava bem atento para ver se também exibiria as bandejas, aliás carteiras móveis! O bom do Ministro reconheceu implicitamente que a melhor solução para apetrechar as escolas do país em mobiliário é com carteiras, de facto, e preferencialmente de madeira que abunda pelas florestas do nosso vasto país.
Jone foi mais elucidativo. Apresentou o quadro real do país e explicou que no ensino primário e secundário existem 760 075 carteiras e estão em falta cerca de um milhão, das quais 90 por cento para o ensino primário (onde estudam as nossas criancinhas).
Feitas as contas, ao custo unitário actual de 5.180, 00 mts por carteira, seriam necessários cerca de 5, 3 mil milhões de meticais, apenas para repor carteiras actualmente em falta nas escolas, valor que representaria cerca de 20-25 por cento do orçamento anual do sector da Educação. Bula-bula acha que vale a pena investir nisso do que expor os alunos a condições nada dignas para o processo de ensino e aprendizagem. Temos madeira neste país e bons carpinteiros, não inventem!