Nacional

Ameaça de cheias em Sofala e Zambézia

Chuvas intermitentes fustigam a província de Sofala, devido ao transbordo do rio Buzi. A situação poderá agravar-se esta semana em função de previsões tornadas públicas pelo Instituto Nacional de Meteorologia que apontam para precipitações acima do normal.

As chuvas ameaçam igualmente as províncias daZambézia e de Tete.Em Sofala, fortes chuvas causaram danos parciais à Estrada Nacional Número Um (EN1) que por instantes ficou intransitável, bloqueando a comunicação entre o sul, centro e o norte do país.

O cenário ficou preocupante devido, principalmente, à subida do caudal do rio Buzi que em Dombe manteve-se até sexta-feira acima do alerta e com tendência de subir, face a contribuição do escoamento proveniente do vizinho Zimbabwe e dos afluentes rios Mussapa e Rotanda.

A bacia do Púnguè manteve-se igualmentecom níveis acima do alerta em Inhazónia, embora mostrasse tendência de baixar gradualmente.

Enquanto isso, na bacia do Save, face à propagação da onda registada na quarta-feira, dia 29 de Janeiro, em Massangena, o nível hidrométrico na Vila Franca do Save, registou uma subida acentuada, mantendo-se abaixo do alerta.

A bacia do Zambeze continua a registar níveis oscilatórios, com ligeira tendência de subir, devido à contribuição dos rios afluentes e de chuvas locais.

Segundo o Instituto Nacional de Gestao de Calamidades (INGC), dezenas de famílias ficaram afectadas pelas inundações em Sofala e Manica, onde há relatos de infraestruturas e habitações com danos.

No concernente à rede rodoviária, para além do já relatado corte na EN1, aAdministração Nacional de Estradas (ANE) revelou ao domingo que as intensas chuvas danificaram semana finda 10 por cento da rede de estradas.

Para minimizar o impacto das destruições ocorridas, a ANE realizará, ainda durante a presente época chuvosa, intervenções de emergência de carácter preventivo através de obras de revestimento.

Parte destas obras poderão ter início amanhã, segundo nos assegurou Irene Langa Simões, delegada da ANE em Sofala.

POUCA CONTRIBUIÇÃO

DE DESCARGAS INTERNAS

A Directora Geral da Administração Regional das Aguas-Centro (Ara-Centro), Cacilda Machava, revelou que as cheias registadas nesta região do país não resultam de descargas de países vizinhos, reflectindo fluxos de águas pluviais internas. “O que esta acontecer é que os nossos rios não têm capacidade de escoamento das suas águas”, explicou.

O cenário poderá agravar- se quando as bacias começaram a receber fluxos de países vizinhos, a montante, tendo em conta o cenário histórico de cheias cíclicas naquela região.

Cacilda Machava sublinhou que para a inversão deste cenário urge a construção de mais infra-estruturas de retenção, a par da necessidade de ampliação de uma rede de estações de monitoria hidrológica.

Segundo a nossa entrevistada, solução deste problema implica a angariação de recursos financeiros. Neste momento, para além de fundos do Estado, a Ara Centro tem memorandos com outras instituições estrangeiras como o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Governo Sueco.

A delegada da Ara-Centro adiantou ainda que esta previsto para o próximo ano, 2015, a construção de uma barragem sobre o rio Nhacangale, na bacia de Púngue, projecto que conta com apoio do Governo Italiano. 

CENÁRIO HIDROLOGICO

PREOCUPANTE

A Direcção Nacional de Águas (DNA) prevê este fim-de-semana subida dos níveis hidrológicos (que manter-se-ão acima do alerta) na região centro, concretamente nas bacias hidrográficas do Búzi (em Dombe e Goonda) e Púnguè(em Inhazónia), na província de Sofala.

Segundo previsões, a bacia do Save, na Vila Franca do Save,continuaráigualmente a registar subida dos níveis hidrométricos até o dia de hoje, domingo, podendo atingir o alerta na escala hidrométrica.

Segundo a DNA,a bacia do Licungo, em Mocuba (na Zambézia) poderá registar, até hoje, ligeira subida dos níveis hidrométricos como resultado da precipitação registada a montante.

Na região Norte, as bacias hidrográficas do Messalo e Lugenda poderão registar oscilações dos níveis com tendência de subir, podendoatingir o alerta na sub-bacia do Lugenda, em Congerenge.

As restantes bacias hidrográficas do país poderão registar níveis oscilatórios, situando-se abaixo do alerta.Até sexta-feira última,de acordo com a DNA,registou-se abrandamento da precipitação, exceptona bacia do Licungo, em Mocuba, onde houve registo de precipitação na ordem de 80 milímetros.

MANICA

INGC em prontidão

No seu plano de contingência para a presente época chuvosa, a delegação do INGC em Manica possui 30 comités de alerta compostos por 18 elementos.

Cada um destes comités conta com o seu kit de salvação, estando presentemente a intensificar os serviços de monitoria e gestão das chuvas.

Ainda no âmbito de monitoria e gestão, a delegação do INGC procedeu a distribuição de combustível às rádios comunitárias. Com autoridades de Saúde  eEducação procedeu  a distribuição de redes mosquiteiras ás famílias afectadas pelas enxurradas e a distribuição antecipada de material escolar às escolas que se encontram em zonas distantes e de difícil acesso.

Segundo revelou ao domingoo delegado do INGC naquela província, João Vaz, no momento a situação já está sob controlo.

De referir que as enxurradas que assolaram Manica semana finda  resultaram em  11 mortes, destruição parcial de residências, de unidade sanitária e infraestrutura de educação.

De acordo com a delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), João Vaz, 150 famílias moçambicanas viram as suas residências parcialmente fustigadas pela fúria das águas.

A chuva intensa da semana finda provocou, igualmente, o isolamento de dois distritos e uma avaria grossa de corrente elétrica na subestação de Chibata receptorde corrente proveniente da subestação deMatambo  que foi restabelecida dois dias depois. Para além de afectar as residências, as oscilações de correnteelétricaafectaramosserviços públicos, privados e a actividade comercial.

MANICA- MAU TEMPO

Chuvas destroem campas

no bairro Nhamaonha

As intensas chuvas que caíram na semana passada um pouco pelo país todo destruíram algumas campas no cemitério localizado no bairro Nhamaonha, zona nove, arredores da cidade de Chimoio, capital da provincial de Manica.

Foram ao todo quartos campas arrasadas pela fúria das águas. Consequentemente  igual número de caixões apareceram a flutuar nas águas que imundaram o bairro, tendo deixado os residentes daquela urbe em pânico. 

Facto curioso é que três caixões não tinham corpos. Um apenas é que ainda continha o cadáver, o que fez com que a tensão se instalasse por alguns instantes na zona. Os três corpo, mesmo depois das chuvas terem abrandado não foram achados.

O desaparecimento destes corpos continua a suscitar dúvidas por parte dos residentes Nhamaonha e dos municípes em geral.

Depoimentos colhidos de pessoas que viveram o triste drama defendem a hipóteses de terem sido removidos por pessoas de má fé para fins obscuros. Outros acreditam no arrastamento pelas águas que durante alguns dias inundaram Nhamaonha e outro bairro de Chimoio.

”Para mim é um caso preocupante porque ao ver o caixão esperava encontrar lá um corpo. O que mais nos preocupa neste momento é o facto de ter sido encontrado apenas um corpo. Os três que devia estar noutros caixões paraonde é que foram? Está é que a minha principal preocupação porque há muita coisa que acontece no mundo. Algumas pessoas recorrem a defuntos para transformarem as suas vidas. Espero que esta questão seja investigada profundamente para sabermos se realmente foram arrastados pelas águas ou alguém removeu-os para fins supersticiosos”,  defende Patrício Muzorewa, 63 anos e residente daquele bairro.

Entretanto, o presidente do Conselho Municipal de Chimoio (CMC), Raúl Conde, disse que os caixões saíram dum cemitério em desuso há sensivelmente dez anos. Mesmo depois do anúncio de encerramento daquele recinto por parte as estruturas do bairro, algumas famílias, de forma isolada, continuam a sepultar os seus ente-queridos naquele local.

Conde explicou que pela qualidade dos caixões concluiu-se que os corpos foram enterrados recentemente, o que leva a crer que há famílias que continuam a realizar funerais naquele cemitério. Como medida imediata, Conde explicou que os líderes locais pedem a destruição do referido cemitério.

A decisão visa acabar duma vez por todas com sepulturas isoladas que muitas das vezes são feitas sem o conhecimento das autoridades do bairro. Em jeito de balanço, aquele presidente disse que as chuvas da semana passada desfruíram igualmente várias infra-estruturas sociais e económicas, na sua maioria residências que são calculadas as dezenas.

A destruição das vias de acessos em quase todos bairros da cidade de Chimoio também está tirar “sono” a Raúl Conde que recentemente abandonou o seu gabinete de trabalho para visitar as zonas assoladas pelas intempéries com o objectivo de aferir com exatidão o nível de prejuízos.

Conde referiu ter constatado que muitas ruas que ficaram intransitáveis. Os bairros 7 de Abril, Vila Nova, Cinco Fepom, 25 de Junho, Josina Machel e Chinfurasão os que clamam por uma rápida intervenção.

A edilidade afirma que dentro de poucos dias serão colocadas máquinas para reparação das de algumas vias, sobretudo aquelas que são usadas pelos transportadores de passageiros. Depois desta etapa seguir-se-á a reabilitação geral cobrindo todos 33 bairros de Chimoio.  

MANHIÇA

Prevista a retirada de 15 famílias

Na sequencia das últimas precipitações registadas na província de Maputo INGC prevê a retirada e reassentamento de 15 das mais de 50 famílias cujas casas ficaram alagadas e danificadas em alguns bairros  da Sede da Vila de Xinavane. De acordo com o INCG, estas famílias serão evacuadas para o bairro de reassentamento de 3 de Fevereiro, local onde ainda existem talhoes disponíveis.

PAÍS//TEMPO

Previsão meteorológica para o fim- de- semana

O Instituto Nacional deMeteorologia (INAM) prevê este fim de semana a ocorrência de chuvas em regime moderado para as províncias de Tete e Zambézia,  e forte para as províncias de  Sofala e Manica.

Para a região norte prevê-se a subida de temperatura, com ocorrência de chuvas fracas e localmente moderadas para as províncias de Nampula e Niassa, sendo que Cabo delgado não ocorre nenhuma precipitação.

Na zona sul se antevê a melhoria de tempo com a redução de chuvas para a província de Maputo e posterior subida de temperatura atingindo 35 a 36 graus celsius no domingo, o que culminará com a ocorrência de trovoadas no fim do dia e chuvas amanha, segunda-feira. As províncias de Gaza e Inhambane    

Luísa Jorge e Domingos Boaventura 

mingoboav@gmail.com

 

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