Bula Bula

Atenção… os burladores estão à solta!

EPISÓDIO I

Uma cidadã, com qualificações profissionais e académicas de dar inveja, concorreu para uma vaga. Caprichou no currículo, anexou uma quantidade invejável de diplomas e mandou para a tal instituição.

Como manda o figurino, disseram-lhe que, se passasse no crivo, seria convidada para uma entrevista. Aguardou, rezando dia e noite. Apelou para os santos – nestas alturas um emprego é uma bênção daquelas – para que ajudassem.

Semana passada, dia 3, recebeu um e-mail que dizia: em resposta à sua candidatura para o projecto “Somos Iguais – Juntos Vencemos”…. “temos vagas para mobilizador comunitário”… a nota prossegue dizendo “eu posso ajudar, sou responsável pelas admissões”… noutro desenvolvimento acrescenta “que a condição é o pagamento de 10.000, 00 Meticais em duas partes, a primeira de 2500, 00 MT e a restante no primeiro salário”. A nota dizia que os 2500 deviam ser pagos até às 12.00 horas sob o risco de perder a vaga. Noutra parte dizia que, aceitando, teria como benefícios uma residência, alimentação e cobertura médica, salário de 30.000 MT e subsídio de isolamento de 5000,00 MT.

A amiga de Bula-Bula quase caiu na esparrela. Realmente existe um projecto com um nome igual, mas o email de onde foi expedida a mensagem não tem nada a ver com a instituição onde foi feita a candidatura.

O que intriga é como é que os mafiosos tiveram acesso à candidatura da nossa amiga. Malandros, sabem que é mais fácil arranjar 2500 do que 10.000,00 MT. Apertam os prazos para que na aflição o candidato não tenha tempo para pensar.

EPISÓDIO II

Bula-Bula quase caiu nesta golpada. Ali pelas bandas da Cadeia Civil e da Julius Nyerere, anda um rapaz de mochila às costas, rosto quase angelical, vestido de forma modesta, mas limpinho. Fala bem português e pestaneja que é uma beleza.

Aproxima-se de mansinho e pede ajuda. Diz que vem de Ressano Garcia e que pretende encontrar o pai que vive em Marracuene. Pede que o circunstante lhe indique os caminhos mais rápidos para se chegar a Marracuene. Acrescenta que só precisa disso porque pode muito bem lá chegar a pé. Diante dessa informação, qualquer pessoa de boa-fé fica emocionada. O rapaz diz que não tem dinheiro de transporte e que não se importa de ir a pé. Tudo o que ele quer são indicações: quais as ruas a seguir e o resto ele faz a pé.

Bula-Bula ouviu atentamente a história. O jovem não pede dinheiro. Só indicações. Depois de lhe explicar que Marracuene dista pelo menos 30 quilómetros, ele pediu que ligasse para o pai. Tem o número decoradinho. Bula-bula fez a chamada e, do outro lado, uma voz igualmente jovem atende o telefone fingindo claramente estar ocupado. Diz que vai retornar a chamada, que não está a reconhecer a voz que liga e a linha cai.

Então o jovem volta à carga; pedi que disque de novo o número e lhe passe o telefone porque pode ser que, do outro lado, o pai não esteja a perceber nada. Bula-Bula insistiu com a chamada, mas o número dava desligado. Ele insistiu que lhe passasse o telefone.

O sexto sentido apitou… acto contínuo, o jovem atravessou a estrada sem dar cavaco. Ontem, uma amiga de Bula-Bula experimentou uma história semelhante. Pela descrição do jovem, só podia ser o mesmo rapaz de “Marracuene”.

Atenção, gente! Os malandros estão à solta e sofisticarem os métodos… pedem ajuda, mas é “tutu mafia”

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