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A “Tentação” de beber na cadeia

Por admin

Para quem pensa que estar na cadeia significa viver privado de algumas delícias que a vida proporciona está enganado. Na cadeia existe um pouco de tudo, bebidas, cigarros, drogas, venda de celulares, créditose outros acepipes que convocam a cobiça humana.

Mas, para chegar a eles precisa de ter o bolso bem recheado ou um tráfico de influência assinalável.

Por exemplo, uma “Tentação” vista como uma bebida de baixo custo, inclusive já banida pelas autoridades da indústria e comércio chega a custar ao bolso de um internado qualquer coisa como 150 meticais.

A “Tentação” não é para qualquer um não. Só para gente fina, incluindo os gringos, vindos de outras paradas continentais como transportadores de drogas, ora internados na cadeia central.

O xirico que contou a história ao Bula-bula garantiu que a “Tentação” é consumida como se de Whisk velho se tratasse e tendo em conta o tamanho do recipiente. Vai daí que cada trago do bom whisk seja servido em tampinhas vermelhas. Qual boina vermelha.

Uma cerveja, dependendo da marca, varia entre os 120 a 150 meticais a unidade. Neste business não há espaço para “3 – 100”.

O maço de cigarro custa 100 meticais e só é adquirido pelos pesos pesados, chefes de alguns sindicatos internos, ligados a venda do álcool, celulares, drogas. Normalmente são comercializadas as marcas de preço mais baixo do mercado. 

Existem drogas de todos os tipos e gostos: desde as injectáveis, snifadas, até as fumadas. Este é um grupo restrito, geralmente, os vendedores são os maiores consumidores. A venda serve para garantir a compra de novos produtos.

O xirico, fonte do Bula-bula afiançou que existem dois produtos cuja venda está abaixo do preço indicativo do mercado: celulares e crédito.

São telefones para todos os gostos da linhagem dos Samsung,s, Nokias, Blackberrs, Alcatel e por ai em diante. Nenhum deles no interior da cadeia está acima de 1000 meticais.

As operadoras de telefonia móvel sairiam em prejuízo na cadeia caso quisesse instalar lá uma daquelas suas lojas para os clientes, onde se puxa de uma senha e fica a aguardar pela chamada, enquanto os funcionários trocam um dedo de conversa em volta das novidades do Facebook.

O crédito custa metade do preço, isso mesmo, cinquentinha custa 22 meticais e 50 centavos. O cliente que quiser bombar um turbo só precisa de investir 300 paus. É um business da malta kool.

Ninguém vende um crédito abaixo de vintinha.

Porque aquela malta é mesmo kool quem estiver aflito e precisar de saber da sua família, eles quebram o galho. E falas mahala mesmo.

Depois de ouvir estas histórias Bula-bula ficou de cabelo crispado e com uma pulga atrás da orelha. Como é que se processa este negócio? Não existe controlo na cadeia?

Na cadeia Central o controlo é rígido. Tudo o que vem de casa é revistado minuciosamente até ao último detalhe que chega a irritar as famílias. E então de onde é que vem os produtos, bebidas, cigarros, drogas, celulares a ponto de serem comercializadas no interior da cadeia?

Resposta: Da BO!

PS. O bula-bula que desliza bem nos corredores da administração da justiça soube que o quarteto que tinha à cabeça, Arlindo Timane, já não mora na BO, mas sim no Comando da cidade, embora a juíza na leitura da sentença tenha ordenado que os réus condenados a penas entre sete a 17 anos de prisão maior fossem cumprir na íntegra nas celas da máxima segurança da Machava. Bula-bulaficou igualmente a saber que o cabecilha daquela quadrilha, tal como o Bula-bula, tem uma cintura flexível nos corredores da polícia de tal sorte que por portas e travessas e não por grades conseguiu que fossem internados no Comando da cidade.

SOLTA: Inácio Pereira 

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