Parece que anda toda a gente a ver se nos passa a perna nos negócios. Alguns chegam a Moçambique de mansinho, lançam o charme, todos prestativos, quase serviçais, fingem que admiram o povo e a cultura local, bajulam, falam de uma história e de uma língua que nos une e, zás, dão o bote, certeiro e incisivo; outros, como aqueles do aço, querem perpetuar isenções e impor as suas tarifas de energia que, coincidentemente ou talvez não, levariam ao colapso da maior empresa de Moçambique, a HCB.
Bula bula gostou de ver a reacção do Executivo ao anúncio da Galp de que iria recorrer à arbitragem internacional para não pagar o que deve ao fisco moçambicano e, para quem não acompanha o enredo, estão em causa cerca de 176 milhões de Dólares em impostos, referentes à venda da participação da petrolífera portuguesa no Coral Sul da Bacia do Rovuma, que o Estado moçambicano reclama.
A Galp diz que as contas estão mal feitas e foram calculadas com base no valor que a portuguesa arrecadou com o trespasse da tal participação a uma subsidiária de Abu Dhabi, no valor de uns 900 milhões de Dólares. Na opinião da petrolífera Lusíada, a dedução fiscal devia ter recaído sobre as mais-valias que, garantem, foram de apenas 26 milhões de Euros.
É verdade que bula bula não é muito dado a contas, mas acha que ali por Alcântara devia haver um pouco mais de pudor empresarial e menos de depreciação da inteligência dos moçambicanos, sobretudo quando sobre o mesmo negócio a Galp reportou um ganho contabilístico de 147 milhões de Euros! Leia mais…