YOKA CHICONELA: Contagia-me a fusão do jazz com ritmos africanos
Os sons que ressaltam do disco “Wamy” (“Meu” em tradução livre) são mágicos. “Comboio”, “Sonhar”, “Minhas Lágrimas” ou “Amor Platónico” invadem-nos os sentidos e apossam-se das nossas almas. Nas suas músicas fala da intervenção social e do amor ao próximo. Yoka é o nome que se esconde por detrás daquela voz. O seu disco de estreia desenha-se como uma boa proposta… e pretexto para uma conversa com a cantora e gestora de clientes…
Yoka é um nome curioso…
Yoka é Yolanda Carla da Graça Chiconela, filha de Gracinda Matsinhe e de Carlos Josefa Chiconela, natural de Maputo. Yoka é irmã de Olavo Boavida e Diana Chiconela.
Onde fez a sua infância (bairro), escola primária e a sua formação actual?
A minha infância começa no bairro do Alto Maé, onde vivi até os 9 anos de idade e nesta altura frequentei a Creche Nhelete, dos 2 aos 6 anos, e quando atingi os 7 anos passei a frequentar a Escola Primária Eduardo Mondlane, de seguida a minha família mudou-se para o bairro Ferroviário, onde conclui o Ensino Primário do Primeiro Grau na Escola Primária das Mahotas.
Como é que a música entrou na sua vida? Influência familiar ou simples curiosidade?
Na minha família ninguém estava ligado à música; foi motivo de espanto para todos os factos de ter este dom… dei por mim já estava a imitar algumas músicas nacionais e internacionais.
Quais os seus músicos favoritos nacionais e internacionais?
Os músicos que me influenciaram a abraçar a música e de certa forma a forjar a minha identidade artística são vários, mas destaco Roberto Carlos, Mingas, a Orquestra Marrabenta, Sara Tavares, Lokua Kanza, Papa Wemba, R. Kelly, Zama Job, Djavan, Filipe Mukenga, Judith Sephuma.
Todo o artista em início de carreira enfrenta várias barreiras desde familiares até aos preconceitos sociais…
Tive muitas barreiras por parte da minha mãe que é muito protectora, mas com o passar do tempo aceitou e até apoia-me. Tenho apoio do meu esposo e filhos que torcem e dão o seu melhor pela minha carreira de forma incondicional.
CANTORA E COMPOSITORA
As músicas que interpreta são todas da sua autoria ou simplesmente interpreta o que os outros produzem?
Para além de cantar também componho; o Álbum “Wamy” conta com 7 (sete) temas compostos por mim.
Qual é o estilo de música que gosta de interpretar?
Música de fusão, contagia-me a fusão do jazz com ritmos africanos.
E como é que o jazz entrou na sua vida?
O jazz começa a fazer parte da minha vida quando conheço o meu actual esposo, nos nossos encontros eram as músicas predilectas dele, e com o passar do tempo o meu ouvido começou a perceber esse mundo.
Que estilo de música ouve normalmente?
Música de fusão, tradicional e evangélica.
Quais as maiores dificuldades para os artistas?
O mais difícil é a busca de fundos para a materialização das ideias, a nossa sociedade não é muito consumidora de arte no contexto geral.
Canta também em língua local. Porquê?
Quando canto na língua local identifico-me com as minhas raízes e com o meu ser moçambicana.
O que desenha para a sua carreira?
Conhecer e explorar outros ritmos tradicionais e contribuir para a divulgação da nossa cultura.
O seu disco de estreia foi bem recebido. O que é que isso representa para si e para a sua carreira?
Representa o reconhecimento do trabalho de todos os músicos que participaram e deram a sua contribuição para o “Wamy”.