O cine África vai acolher nos dias 1 e 2 de Agosto, mais uma estreia. Será uma apresentação de duas obras fundidas em uma. Utomipia é o título da nova obra do promissor coreógrafo, Virgílio Sitole
que em co-produção com a Companhia Nacional de Canto E Dança, convida o espectador a uma viagem de cerca de uma hora sobre as adversidades da vida.
Oito actores contracenam em palco através dos corpos, exprimindo a obra cuja a primeira parte, Corpus, aborda a problematização social, sendo a segunda, Tolerence, o apelo para a tolerância face ao modo de vida que é adoptado, actualmente e que resulta em contaminação por doenças, destruição de lares e desamparo.
Virgílio Sitole, coreógrafo de Utomipia, começa por explicar a importância da dança para sociedade. “Os homens dançam para prepararem a guerra, para comemorarem uma vitória, para alegrarem uma família enlutada, para contar uma história, para preservar o legado de um povo e, até, para sensibilizar as comunidades sobre questões da saúde, do meio ambiente e preservar as suas próprias vivências, histórias e também como um mero espectáculo artístico”.
Falando concretamente da obra, Virgílio explica que a sua concepção resulta da constatação após vários eventos e olhar social, de os homens olharem para o corpo humano na perspectiva sexual. “ Há uma tendência de olhar para o corpo humano como objecto sexual. O que resulta em situações desagradáveis para a vida de qualquer um. O questionamento que fazemos na segunda parte é o seguinte: porque é que não olhamos para o corpo humano como obra de Deus? Aí estaríamos a dar o sentido religioso à vida. Essa seria a tolerância com os nossos próprios actos”, explica Virgílio.
Entretanto, Virgílio fala de um terceiro momento que caracteriza Utomipia. “Para melhor compreensão vou explicar. Utomipia significa junção de três palavras. Utomi – vida; Pia – Algo devotado, religioso; Utopia – imaginário. E neste caso, a utopia, o mesmo desejo pode ser materializado, porque enquanto houver vida, haverá esperança”.
O espectáculo de dança Utomipia apenas poderá ser visto no cinema África, pois os autores e protagonistas não têm condições financeiras para fazer temporada. “ Esta peça é importante para a camada juvenil que está exposta à vulnerabilidade. E, gostaríamos de exibí-la nas escolas, infelizmente, não temos condições de fazer a ronda e mostrar aos jovens, contribuindo na mudança da sua forma de ser e estar social”, lamenta Virgílio Sitole.