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Violência doméstica retratada em livro

Por admin

A jornalista Rosa Langa  e Leonor Domingos, lançaram recentemente um livro intitulado “Violência doméstica em Moçambique”.

Com 130 páginas, o livro aborda questões de violência doméstica por que passam muitas mulheres.

Usando da sua experiência como jornalistas, Rosa Langa aliou-se a Leonor que é uma mulher cuja missão é aconselhar nos casos de conflitos no Bairro Maxaquene B, onde ela reside. Juntas colheram depoimentos que descrevem aos vários níveis de violência, um tema considerado Tabu.

Em reconhecimento às suas capacidades de mediação dos conflitos de casos de violência doméstica, Leonor Domingos  já foi convidada a dar o seu parecer em Lichinga, Pemba, Nampula, Quelimane, Beira, Chimoio, Inhambane, Gaza, Maputo, Benoni e Johanesburg na Africa do Sul.

Uma das referências em destaque no livro e que o tornam interessante é que para além dos depoimentos das inquiridas, a obra tem o testemunho da co-autora, Leonor Domingos que, durante quinze anos sofreu vários tipos de violência, quando era casada. Hoje, separada, ela está em melhores condições de aconselhar os casais que não se entendendo verbalmente recorrem à agressão física. E, a obra vai intercalando depoimentos com poemas da Leonor que, em algum momento descrevem os momentos tenebrosos por que ela passou.

“Violência Domestica em Moçambique” retrata momentos de drama e trauma das vitimas, cujas fotografias expostas revelam que nada é inventado. E por isso, mulheres e homens   aceitaram prestar depoimentos para o livro.

Dos vários depoimentos contidos no livro destacam-se o da estilista Sara de Almeida (mulher que  em público prestou o seu depoimento, contando o que passou de mau enquanto durou o seu casamento, hoje divorciada);  a apresentadora Cátia Agy do canal de Tv Eco ; Elsa de Abreu – professora moçambicana a residir em Portugal desde 1973, entre outras figuras.
As fotos da capa, orelhas do livro e contra capa, estiveram sob responsabilidade do jornalista radiofónico Ouri Pota (amigo e conselheiro de profissão da jornalista Rosa Langa há mais de 20 anos).

O  prefácio do livro foi escrito por  Henrique Banze, Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, enquanto Benvinda Levi,  Ministra da Justiça, faz a nota introdutória. Yolanda Cintura, Ministra da Mulher e Acção Social escreveu o posfácio da obra.

Na primeira página do livro, a jornalista Rosa Langa, faz uma dedicatória à  a sua mãe Maria Dos Anjos Pedro Macuácua, falecida vítima de suicídio e que segundo a pesquisa aturada, ela passou por vários tipos de violência enquanto casada.

 Rosa Langa disse: “Tendo em conta que o livro constitui uma referência de pesquisa profunda efectuada nos vários pontos de Moçambique, a violência doméstica, constitui um assunto da actualidade do qual todos somos chamados a uma reflexão  muito séria”.

Mateus Kathupa-Presidente da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado,  disse : “ Depois  de ler os depoimentos da jornalista Rosa Langa, Leonor Domingos Co-autora e a estilista Sara de Almeida…fiquei confuso e perguntei a mim mesmo: homens, afinal que bicho somos nós? Precisamos de tanta violência para manifestarmos os nossos desejos perante a nossa parceira…?”
Por seu turno, Angela Khan- PCA do  FUNDAC  confessou que encontrou várias motivações para se juntar a esta preciosa causa porque as autoras ganharam coragem em expor o seu trauma em público. ” A minha constante preocupação deve-se aos números alarmantes dos vários tipos de violência nos nossos lares. Os  óbitos sistemáticos de mulheres que durante anos calaram o seu sofrimento e deixam filhos, muitos deles, menores. A velha justificação das nossas famílias ao manterem em “cativeiro” as suas filhas junto aos respectivos maridos agressores alegando que o casamento é assim, multiplica esta maldita mania que mata-nos a cada minuto.”

Benvinda Levi,  Ministra da Justiça, no seu discurso alertou a todas as mulheres para o cuidado de recorrer aos gabinetes de atendimento: “Mulheres, nunca deixar que o mal vos atormente, considerando que  se pretende que o trabalho destinado a pôr termo à violência contra as mulheres seja eficaz, é necessário acautelar a cooperação e acção internacionais, o firme empenho dos dirigentes políticos a todos os níveis. É de suma importância abordar esse tema, pois sabemos que é cada vez maior o número de violência cometido contra as mulheres. Não devemos cruzar os braços, mas, lutar na certeza de que vamos vencer… Juntas, unidas jamais seremos vencidas”.

O livro será apresentado em Chimoio,  Tete, Cabo Delgado e no centro cultural da cidade Brasileira da Barra Mansa.

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