Sociedade

JOÃO CARLOS SAPATINHA, PROFESSOR DE MATEMÁTICA: Diante das câmaras sinto frio na barriga

Nunca se tinha imaginado professor. No en­tanto, hoje, 30 anos depois, diz ter conse­guido desenvolver uma relação de afecto com a profissão. Neste percurso viu des­pontar engenheiros, médicos, contabilis­tas, economistas, entre outros. O seu nome é João Carlos Sapatinha. É professor de Matemática e desde Março é a nova cara do programa Telescola da Televi­são de Moçambique (TVM).

Natural do distrito de Meconta, província de Nampula, João Carlos Sapatinha sempre trabalhou com estudantes do ensino secundário. Também for­mou professores no Instituto de Formação de Profes­sores da Munhuana e na ADPP da Machava.

João Carlos Sapatinha frequentou o nível médio na Beira em 1985. Três anos mais tarde, tornou-se bacharel em Matemática e Física pela Faculdade de Educação, em Maputo, onde chegou em 1986. Em 2001 concluiu a licenciatura na mesma área na Uni­versidade Pedagógica (UP).

Confessa sentir muitas saudades dos tempos em que na sala de aula era desafiado por alunos dedica­dos e curiosos, colocando-lhe, sempre, questões que o obrigavam a investigar mais e estar em alerta.

“Hoje temos poucos alunos ousados. Como pro­fessor poucas vezes me sinto desafiado e vejo alunos pacíficos demais. Não sentem dor quando levam no­tas como 10 para casa. Naqueles tempos não era as­sim. Via-se o desespero na cara de quem tivesse até mesmo 13 valores. Todos queriam ser bons”.

Sapatinha, como é normalmente tratado, não dispensa a planificação das aulas, um exercício quin­zenal individual ou na companhia dos colegas do grupo de disciplina de Matemática.

Durante a semana levanta-se às 5.00 horas. Em uma hora faz o dush, toma uma chávena de chá e come uma sandes. Quando são pontualmente 6.00 sai de casa. 45 minutos depois chega à Escola Secun­dária Noroeste 1, a tempo de entoar o hino nacional às 6.50 horas. Às 7.00 horas segue para a sala de aula, onde transmite a matéria do dia aos seus estudantes.

Ao intervalo de lanche, às 9:30, come mais uma sandes e toma outra chávena de chá. Há dias em que passa o almoço na cantina da escola, mas a sua prefe­rência é a comida que invariavelmente leva de casa. Não dispensa uma boa xima acompanhada por caril. Arroz só uma vez a outra.

 Além da “Noroeste 1”, trabalha também na Es­cola Secundária de Laulane. Já leccionou na Escola Secundária Francisco Manyanga, sita na cidade de Maputo, e na Escola Secundária Samora Machel, na cidade da Beira.

Recentemente, o professor Sapatinha foi chama­do a integrar a equipa do “Telescola” da TVM, em substituição do professor Orlando Machango, faleci­do há alguns meses. Está ainda a adaptar-se à nova realidade das câmaras e talvez seja por isso mesmo que sente um frio na barriga no arranque do progra­ma, que vai ao ar às terças e quartas-feiras.

Texto de MARIA DE LURDES COSSA

malu.cossa@snoticicas.co.mz

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