Um movimento sem igual foi vivido na última semana no Hotel Polana. A razão foi uma: a mudança da forma de ser e estar do Hotel por uma semana. Isso aconteceu entre os dias 24 e 29 de
Junho. O pretexto era Celebrar Moçambique.
Gastronomia, teatro, exposição de artes plásticas, artesanato, fotografia, escultura, pintura, música, dança, e Literatura, foram as modalidades que emprestaram outro prisma a um dos melhores hotéis que Moçambique tem. Aliás, também um dos melhores do grupo Serena, a nível mundial.
Fora o trazer um ambiente diferente ao hotel, a ideia, mais robusta na presente edição, pois é implementada há alguns anos, tinha igualmente a finalidade da responsabilidade social. Das obras de arte vendidas em leilão, durante o jantar de beneficiência decorrido ontem no salão nobre, parte do fundo reverteria a favor da Aldeia de Crianças SOS Moçambique.
O Director Geral do Hotel Polana, Miguel Afonso Machado, disse constituir uma honra para si e toda equipa do Hotel Polana, brindar de forma original, criativa e única, as várias vertentes da cultura em Moçambique. “ Durante seis dias, o Hotel Polana foi transformado numa galeria viva, num espaço de partilha, cor e sabor, onde tivemos actividades diárias e exposições permanentes de vários artistas consagrados e novos talentos. Com essa iniciativa pretendemos ser um palco para promover a cultura e património nacional, usando igualmente a marca Hotel Polana construída ao longo dos 90 anos e reconhecida internacionalmente, para fazer chegar a cultura a outras paragens.”
UM DIA COM CHIEF MOREIRA
Como forma de inovar, o Hotel Polana convidou Moreira Chonguiça para ser Chief da cozinha por um dia. O convidado, não mediu as palmas e pôs seu talento à prova, mostrando que não só de saxofone vive. Durante uma semana, Moreira apreendeu lições com o Chief António, cozinheiro do Polana. E daí resultou o prato confeccionado à frente dos convidados.
“Fui convidado para ser Chief por um dia e fí-lo com muito prazer. Para não fugir da nossa tradição, preferi fazer um prato com traços africanos mas apimentado com universalidade. Para entradas preparei um caranguejo desfiado, com tomate salpicado. O prato principal é uma posta de peixe vermelho, acompanhado de caril couve com bastante amendoim, encimado por um camarão temperado com alho e azeite. Ao lado, um arroz de coco com castanhas. Para sobremesa, um bolo de mandioca feito de açúcar fresco de Xinavane com chá de Txambalacati”, afirmou Moreira Chonguiça que apreciou a iniciativa do Hotel Polana.
Enquanto os convidados degustavam o prato, lá do fundo ecoava o piano tocado por Moreira que, no final soprou saxofone em jeito de agradecimento aos convidados.
A semana teve também teatro, através da exibição da peça Corredores do poder, pela Companhia Gungu. O estilista Taíbo Bacar emprestou sua criatividade fazendo uma montra viva. Ao longo da semana, o matabicho tinha como prato preferencial – sabores tradicionais moçambicanos.
A Aldeia SOS e Roberto Mayasse, apresentaram um workshop de desenho e arte manuais. Enquanto as Mamãs Marta José, Otília João, Ermelinda Carlos, Berta da Conceição e Argentina Amosse, deram seu contributo através de sabores autênticos.
Lulu Sala, jovem coreógrafo, associou-se à iniciativa através da performance da companhia LS Dance – network & Wuchene. Íris Santos fez desfilar suas criações, elevando a capulana que está a caminho do Guiness book.
Sónia Sultuane ofertou poemas ao luar.
A sua terra é forte como o coco,
as suas gentes quentes como piri-piri sacana.
A minha Maputo é sem dúvida um banquete único de sabores e cheiros universais.
As ruas são coloridas com pêra abacate, mafura, manga, maçanica, tindziva, mapfilwa, tihaca, mapsinsha, matambarinha, malambi, mandioca e batata doce.
ARTISTAS PARTICIPANTES
As paredes do Polana estavam enamoradas por obras de arte, tal como estava o pátio e a piscina com as gigantescas e inconfudíveis obras de Titos Mabota. Alma, amor & arte era o título da mostra.
Vários artistas deram corpo a esta iniciativa do Hotel Polana. Nino Trindade, escultor, disse: “Fazer parte deste evento é uma honra pois é uma boa iniciativa que engrandece o país e os artistas que fazem parte. Que estas iniciativas sejam contínuas”.
Santos Mabunda, artista plástico comunga da mesma ideia. “ Gostei imediatamente do projecto e acredito que deve continuar nos próximos anos. E, se possível em diferentes províncias. É uma actividade que abre espaço de oportunidade para a cultura e os seus intervenientes”.
O estilista Taíbo Bacar disse que para ele, celebrar Moçambique “ significa celebrar a vida, de modo que com a minha arte possa valorizar a minha identidade. Celebrando Moçambique significa ser feliz e abraçar a cultura do país que nos faz diferentes”.
Frederico Jamisse