Artes & Letras

Rockfeller`s regressa no “show” dos Kool & the Gang

A mais bem sucedida banda de música rock do nosso universo regressa aos palcos depois de 10 anos e vai fazê-lo já na próxima quinta-feira, Dia da Cidade de Maputo, no espectáculo Moments of Jazz dos Kool and the Gang. É um regresso aguardado com enorme expectativa e pretexto para uma conversa corrida com a turma de "Vida Dura" e "Tempo"!

 

No auge da fama e do

sucesso, a banda dos
5 rapazes da cidade de
Maputo parou. Silêncio
total. Razões? Mistério
total. Dez anos depois, o
quinteto prepara-se para voltar
à estrada e, para o efeito, tem
agendada já uma actuação no
dia 10 de Novembro no Campus
da Universidade Eduardo Mondlane.
Os Rockfeller`s vão partilhar
o palco com os norte-americanos
(Kool and the Gang) e a
banda Kakana. Um regresso em
grande que está a ser preparado
com toda minúcia.
O domingo visitou a banda
durante uma das sessões de
ensaio. Entre solfejos, solos de
guitarra e animadas batidas de
bateria, foi possível perceber o
espírito de união e de entrega
dos 5 membros do grupo. Ali
está uma família onde reina
a cumplicidade e a amizade.
Irmandade. A conversa, meio
corrida, contou com todos os
membros: Xavier Machiana,
André Mucauque, Abílio Manjaze,
Marco Ribeiro e Evangelos
Velhanos.

O espectáculo do dia 10
de Novembro representará
também o regresso do grupo
Rockfellers aos palcos. O
que o público pode esperar
da banda?
O público terá um espectáculo
da banda Rockfeller`s que
após 10 anos de paragem pretende
reviver os temas mais conhecidos
dos 2 álbuns da banda
e trazer energia e alegria.
Que novidades irão apresentar?
Apesar de estarmos em estúdio
a trabalhar numa série
de temas novos, nesta primeira
fase não apresentaremos novidades.
Entretanto, estamos a
trabalhar numa produção nossa
para muito breve, onde estaremos
no palco por muito mais
tempo e aí, sim, vamos poder
tocar parte deste novo repertório em criação.
SOMOS UMA FAMÍLIA
A banda mantém a sua
formação original?
Sim, a banda ainda mantém
a sua composição original.
O Rockfeller´s é uma família
unida, acima de tudo. Parte do
desaparecimento dos palcos
deveu-se ao facto de não estarmos
todos em Maputo. Para
nós não fazia sentido substituir
os integrantes. Temos uma química
e dinâmica muito próprias
juntos e achamos que esta banda
funciona com os elementos
todos juntos.
O período de defeso não
afectou a energia do grupo?

Antes pelo contrário…
achamos que este período de
pausa também serviu para
maturação e reflexão a vários
níveis: individual, profissional
e musical. Foram anos em que
nos virámos para a família, andámos
pelo mundo, expandimos
horizontes e fomos ganhando
novas experiências e influências.
Acreditamos que este processo
de alguma forma está a
trazer coesão e uma forma de
ser estar mais tranquila. Voltar
agora aos palcos é o reflexo de
uma amizade que se solidificou
ao longo dos anos.
Xavier Machiana andou
fora do país. Por onde andou?
Quanto tempo? A música
acompanhou-o? Que tipo de
projectos abraçou?
Migrei para a Noruega onde
estabeleci-me durante 4 anos,por motivos familiares e profissionais.
Estudei um pouco mais
e iniciei uma carreira de consultoria
internacional em comunicação
para mudança de comportamento.
Não parei de tocar.
Tinha um estúdio e trabalhei na
composição. Aprendi a tocar
saxofone e aproveitei para ver
de perto festivais com grandesnomes da música internacional
um pouco pelo mundo.
Pelas redes sociais era
possível saber que Xavier ia
a muitos concertos pela Europa.
Que eventuais parcerias
conseguiu estabelecer no
mundo das artes?
Foram criadas diversas
parcerias com bandas internacionais,
produtoras e outros
profissionais que em tempo útil
vão ser apresentadas e que definitivamente
vão ajudar a dar
um salto qualitativo no conceito
Rockfeller´s.
Porquê o grupo parou justamentequando estava na mó
de cima?
A banda fez uma pausa numa
altura em que individualmente os
membros começavam a ter outros
desafios cruciais: casamentos,
filhos, carreiras, propostas
de trabalho fora de Maputo. Logo
de início estabelecemos que não
iríamos deixar que a música interferisse
com as outras áreas
e sonhos individuais. Quando
chegou a hora decisiva, foi claro
para todos a necessidade
de fazer uma pausa, apesar da
enorme paixão pela música e
pelos palcos. Demos tempo ao
tempo e este mesmo trouxe-nos
de volta.
Enquanto activos, produziram
um dos discos mais
celebrados ("Vida Dura"). Há
planos para um disco novo?
Existe um plano para vários
discos novos. Agora o caminho
é sempre para frente. Para além
da componente musical, pretendemos
diversificar e envolver outras
áreas que achamos relevantes
que são a promoção cultural,
desenvolvimento sustentável e
educação. Temos um conjunto
de ideias e iniciativas nas quais
estamos a trabalhar e que também
muito em breve serão apresentadas.

NÓS NO MUNDO
Como vê o cenário musical
moçambicano?
A música moçambicana está
a evoluir muito. Há músicas e
bandas que já atingiram o “World
Class”, mas, infelizmente, no que
concerne à divulgação interna
nota-se que há promoção de um
género de música mais comercial
em detrimento de iniciativas
fantásticas que estão um pouco
por todo o lado, mas em circuitos
limitados.
Que se pode fazer para a
nossa música vingar na arena
internacional?
Promoção, interacção com
outras produtoras, investimento.
É nossa tarefa levar o que existe
de bom para fora. É nossa tarefa
investir para que o nosso produto
respeite alguns padrões internacionais
e que conste das bases
de dados internacionais. Hoje
com a internet esse processo é
facilitado, mas existe muito pouco
investimento nesse domínio.
Muito dificilmente se encontram
biografias, fotos, música, informação
técnica, informação actualizada
e estruturada de músicos
moçambicanos "online".
MOMENTS OF JAZZ
O projecto Moments of
Jazz tem estado a trazer artistas
internacionais – George
Benson, Richard Bona,
Marcus Miller, Earl Klugh,
entre outros. O que pensam
do projecto?
É fantástico. Definitivamente
Moçambique começa a estar no
roteiro internacional dos festivais
e o público local começa a
ter acesso ao melhor do que se
faz no mundo.
Agora é a vez dos Kool and
the Gang…
Para nós é uma honra fazer
parte deste evento e do projecto
no seu todo.
Que mais-valia e sinergias
se podem criar com a vinda
desses artistas?
Achamos que todos ganham
com estas iniciativas: o público,
os produtores, os técnicos
e os músicos nacionais. É uma
oportunidade para Networking,
mas também é uma oportunidade
para termos acesso a outros
padrões de trabalho e aprendermos
como se fazem as coisas
hoje no outro lado do mundo.
A PAZ É FUNDAMENTAL
Como cidadãos que são
acompanham certamente os
temas que fazem a actualidade
nacional e internacional.
Qual é o comentário que se
lhe oferece fazer em relação
aos esforços que estão sendo
levados a cabo para devolver
a paz ao país?
A paz é uma necessidade
inquestionável. Obviamente que
nos preocupa a instabilidade actual.
Acreditamos que a PAZ é
do interesse de todas as partes
e que o alcance desta tem de ser
a prioridade principal das equipes
de diálogo e de todos nós,
todos os dias.
Que mais poderia ser feito
para se alcançar a paz?
Se calhar mais compreensão
e olharmos para nós como
um ser que precisa de todos os
membros para caminhar, apesar
de diferenças de pontos de vista
e de cores. A diversidade é necessária
e traz evolução.

Belmiro Adamugy

belmiro.adamugy@snoticicas.co.mz

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