Início » Mukussacame: morreu o homem do teatro macua

Mukussacame: morreu o homem do teatro macua

Por admin

A arte macua acaba de perder um dos seus pulmões, com a morte de Alfane Lino Carlos, popularmente conhecido por Mukussacame. Era considerado um dos grandes ícones do teatro comunitário da tribo macua, sobretudo com os seriados Subuhana.

Mukussacame que tinha 48 anos, perdeu a vida no passado mês de Janeiro, na cidade de Nampula, vítima de doença, deixando seis filhos. No dia do seu funeral a cidade ficou literalmente parada para testemunhar a partida do actor, naquilo que foi apelidado de funeral do século, pela multidão que arrastou até a sua última morada. Camiões e viaturas ligeiras transportaram pessoas dos distritos para o funeral na capital provincial.

Gente chegada ao artista e anónima chorou a sua partida, entre familiares, amigos, políticos, académicos, artistas, religiosos, entre outros, perfilaram nas avenidas de Nampula, chorando, proclamando poemas e extractos das suas peças ou, simplesmente, batendo as palmas, como que a dizer “vai em paz, Mestre”.

Comenta-se em Nampula que somente os funerais de Samora Machel e de Zaida Chongo podem se equiparar ao  de  Mukussacame, em termos de multidão presente, porque as avenidas Samora Machel (onde se localiza o Hospital Central de Nampula), Paulo Samuel Kankhomba, do Trabalho e até a EN1, na cidade de Nampula, ficaram sem espaço para tanta gente que quis acompanhar o finado. E houve gente que até lutou pela urna contendo os restos mortais do actor, querendo carregá-lo, para um cortejo fúnebre de quase sete quilómetros, do centro da cidade até ao cemitério novo. As imagens televisivas daquele dia até ilucidaram o que aqui estamos a reproduzir.

Em vida, sobretudo nos últimos tempos, Mukussacame foi um verdadeiro embaixador do teatro macua e um activista nato em causas sociais, participando e produzindo peças teatrais de sensisibilização contra os diversos males que afectam a sociedade nampulense e as populações em geral, como doenças (cólera, HIV/SIDA), casamentos prematuros, prostituição, desistência escolar, corrupção, criminalidade, educação tributária, entre outros.

Mukussacame morreu à porta de um recorde e uma homenagem oficial do Governo a que seria alvo, em reconhecimento da sua obra, nomeadamente na produção de peças teatrais comunitárias, que já iam para os 60 dvd`s, o último dos quais nem chegou de assistir ao seu lançamento pois, calhou na semana da sua morte. Sem dúvida, foi uma grande perda e um golpe para o teatro macua, do norte e, quiçá, do país. Feliciano Maricoa  e, ultimamente, Mukussacame, indubitavelmente, revolucionaram a arte macua.

Jafar Buana (colaboração)

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana