Foi lançada na última sexta feira, no Centro Cultural Brasil – Moçambique (CCBM), em Maputo, a obra poética “Vozes Malogradas” do poeta Euse Patrício.
Organizado pelo Movimento Literário Kuphaluxa, no âmbito de apoio à divulgação de autores e da literatura nacional, o lançamento foi testemunhado por artistas, familiares e amigos do autor.
Natural de Cuamba e residente de Lichinga, no Niassa, o jovem de 28 anos de idade estreia-se com este livro que é o consumar de uma jornada literária de publicação de vários textos seus na antologia “Esperança e Certeza” (AEMO) e “Jóia Niassa – Metáforas do Ventre” (Papiro Editora – Porto).
Euse Patrício é membro fundador e Secretário-Geral do Clube de Escritores, Poetas e Amigos de Niassa, CEPAN, uma agremiação responsável pelo trabalho literário que se tem vislumbrado naquela província do norte do país.
Após o lançamento estava agendada a realização de uma mesa redonda com o tema “Escrever em Niassa “ na qual Euse Patrício, na qualidade de secretário – geral do CEPAN, abordaria a vida literária da província do Niassa, desafios e constrangimentos.
Francisco Wilson, autor do prefácio, defende que há na obra Vozes Malogradas, vozes trazidas pelo autor, uma espécie de relatos gravados numa fita magnética. Daí a contradição : vozes e poesia, se bem que a poesia foi desde sempre objecto da canção. “Digamos que esta contradição remonta desde os primórdios da literatura moçambicana, quando a poesia se fez um instrumento de libertação da voz dos que não tinham voz, os zanpunguanas, os mortos, as prostitutas, os colonizados…Para além da voz, a esses seres lhes foi renegado o próprio rosto, o direito de existir. Daí o grito/voz de revolta, de afirmação, de resgate com que o sujeito poético se apresenta neste livro”.
Francisco Wilson defende que “Euse não escreve sobre a morte, mas sobre as mil formas de morrer no mundo do sujeito poético por si desenhado. Mil formas de morrer, porque o poeta que se esconde em si vive num mundo onde a morte está sempre presente, em fartura, como se lê “Farta-me essa história de lutos, urnas e túmulos”. Mais do que um desabafo, eis a história por detrás deste livro”.